BRASÍLIA – Quatro ex-executivos da Odebrecht serão submetidos a acareação hoje no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no processo que poderá levar à cassação da chapa Dilma-Temer. Serão ouvidos Marcelo Odebrecht, Cláudio Melo Filho, Hilberto Mascarenhas e Benedicto Barbosa da Silva Junior. O objetivo é que eles possam esclarecer pontos divergentes sobre a atuação de Temer na arrecadação de recursos para a campanha de 2014.
Como estratégia de defesa, Temer tenta separar a análise das contas, alegando que não tem responsabilidade sobre eventuais ilegalidades cometidas pela titular da chapa. Ele também poderá pedir a nulidade dos depoimentos de executivos e ex-executivos da Odebrecht, caso sejam prejudiciais à sua defesa.
Ontem, o relator do processo no TSE, ministro Herman Benjamin determinou que mais um executivo da Odebrecht seja interrogado. Na tarde de hoje, será ouvido, após a acareação, Fernando Migliaccio. Nas investigações da Lava-Jato, Migliaccio é apontado como responsável por offshores e contas que foram usadas pela Odebrecht para pagar propina no exterior. Ele teria feito repasses ao publicitário João Santana e para a mulher dele, Mônica Moura. Santana foi o marqueteiro da campanha da chapa vencedora da eleição de 2014, com Dilma Rousseff como candidata a presidente e Temer, a vice.
Na quarta, o TSE já tinha marcado mais dois depoimentos: José de Carvalho Filho, que trabalhou na área de Relações Institucionais da Odebrecht e teria participado das negociações de repasses de recursos a diversos políticos; e Maria Lúcia Tavares, que trabalhava no Setor de Operações Estruturadas, o chamado ?departamento de propina? da empreiteira. Os dois também serão ouvidos hoje.
META É JULGAR CASO ATÉ ABRIL
No começo, foram marcados três depoimentos de executivos ligados à Odebrecht: Marcelo Odebrecht, Cláudio Melo Filho e Alexandrino de Salles Ramos. Posteriormente, foram chamados mais quatro: Benedicto Barbosa da Silva Junior, Fernando Reis, Hilberto Mascarenhas e Luiz Eduardo da Rocha Soares. Todos os sete já prestaram depoimento.
O relator Herman Benjamin diz que quer julgar o caso até abril, antes de mudanças na composição no TSE. Mas seus colegas acham difícil concluir até mês que vem. O próprio ministro fica no tribunal até outubro, mas poderá ser reconduzido ao cargo. Uma possibilidade estudada por aliados de Temer é estender o processo até 2018, quando termina seu mandato. É possível que, numa eventual condenação, Temer perca apenas alguns meses de mandato.
Caso as contas não sejam separadas e haja condenação, Dilma fica inelegível, e Temer perde o mandato, mas poderá continuar disputando eleições. Isso porque o TSE costuma tornar inelegível apenas o titular da chapa.