Cotidiano

Trump reage a dossiê comprometedor: ?Vivemos na Alemanha Nazista??

RIO ? Após ter sido alvo de declarações constrangedoras em um documento vazado na imprensa americana, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, reage nesta quarta-feira com uma enxurrada de mensagens de revolta nas redes sociais. O relatório ? supostamente secreto e escrito por um ex-agente britânico ? foi publicado na véspera pelo site Buzzfeed e cita agentes russos que teriam dito possuir informações dos órgãos da inteligência suficientes para chantagear Trump a respeito de suas atividades sexuais “pervertidas” em Moscou. O governo russo, no entanto, negou ter dados comprometedores sobre o republicano e classificou as alegações como ?falsas? e um ?absurdo total?.

Nesta manhã, Trump negou veementemente todas as alegações do documento, cuja veracidade não foi oficialmente comprovada. E comparou os tempos de hoje à época da Alemanha nazista.

?As agências de Inteligência nunca deveriam ter permitido que estas notícias falsas ?vazassem? ao público. Mais um último tiro em mim. Estamos vivendo na Alemanha nazista??, escreveu.

Alguns minutos antes, o magnata nova-iorquino disse que esta era uma tentativa de minar a sua vitória eleitoral em novembro:

?Eu venci uma eleição facilmente, existe um grande movimento e oponentes desonestos tentam minimizar a nossa vitória com notícias falsas. Um estado lamentável?, escreveu.

Além disso, Trump também negou que mantenha laços com a Rússia, depois de ter repetidamente elogiado o presidente russo, Vladimir Putin, na corrida eleitoral.

?Rússia nunca tentou usar influência sobre mim. Eu não tenho nada a ver com a Rússia. Sem acordos, sem empréstimos, sem nada!?

Vários jornais americanos noticiaram na terça-feira a existência de um documento de 35 páginas que detalham informações apresentadas como comprometedoras sobre Trump, entre elas a existência de um vídeo de caráter sexual filmado clandestinamente pelos serviços russos durante uma visita do magnata a Moscou em 2013. A gravação, cuja existência não foi confirmada oficialmente, mostraria Trump com prostitutas em hotéis da capital russa.

O documento teria sido escrito por um ex-agente britânico, considerado confiável pelos serviços de Inteligência dos Estados Unidos. As informações aludem também a supostas trocas de informações durante vários anos entre Trump e o Kremlin.

A CNN divulgou a informação primeiro, citando fontes oficiais com conhecimento direto do documento. Já o Buzzfeed afirmou que o relatório tem circulado entre funcionários do governo, agentes de inteligência e jornalistas há semanas e que as informações não são verificadas. O site também divulgou uma cópia do relatório.

Em uma teleconferência com jornalistas, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que o caso era uma farsa criada para prejudicar ainda mais as relações entre Estados Unidos e Rússia.

? É uma falsidade total. A fabricação de semelhantes mentiras é uma evidente tentativa óbvia de prejudicar as nossas relações bilaterais ? disse Peskov, que também descartou as alegações de que ele próprio estaria fortemente envolvido na condução de uma campanha russa para minar a candidata presidencial Hillary Clinton. ? Você tem que reagir a isso com um certo humor, mas há também um lado triste. A histeria está sendo atiçada para manter uma caça às bruxas política.

Por sua vez, o presidente em fim de mandato, Barack Obama, disse à rede NBC que “não comenta informações sigilosas”. Estas revelações incendiárias ocorrem às vésperas da posse do governo de Trump, marcada para o dia 20 de janeiro.

? Se estas alegações de coordenação entre funcionários da campanha de Trump e agentes de inteligência russos, e as alegações de que os russos comprometeram a independência do presidente eleito forem certas, isso seria realmente alarmante ? disse o senador democrata Chris Coons à CNN.