RIO – O governo Donald Trump está tentando reduzir o orçamento de uma das principais agências de ciência climática do governo em 17%, provocando cortes acentuados no financiamento de pesquisas e programas de satélite, de acordo com um memorando de orçamento de quatro páginas obtido pelo jornal “The Washington Post”.
Os cortes propostos à Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa) também eliminariam o financiamento a uma variedade de programas menores, incluindo a gestão costeira, as reservas de estuários e a “resiliência costeira”, que visa o reforço da capacidade de regiões do litoral para que resistam a grandes tempestades e ao aumento do nível do mar.
A Noaa faz parte do Departamento de Comércio, cujo orçamento seria reduzido em 18% em relação ao seu nível atual. O Escritório de Gestão e Orçamento (OMB) também pediu ao departamento para fornecer informações sobre o quanto custaria demitir funcionários. Segundo o OMB, a prioridade do governo será a reconstrução das Forças Armadas.
O orçamento da Noaa voltado para pesquisa oceânica e atmosférica perderia US$ 126 milhões, ou 26%, dos fundos que possui no orçamento atual. Sua divisão de dados via satélite perderia US$ 513 milhões, ou 22%, de seu financiamento corrente. Os serviços de pescas marinhas e de meteorologia sofreriam uma redução de 5% em suas contas.
Os índices propostos pelo governo Donald Trump podem mudar frequentemente durante as negociações entre a Casa Branca e o Congresso. O ano fiscal de 2018 começa no dia 1º de outubro.
Um porta-voz do Departamento de Comércio se recusou a comentar o memorando. Um funcionário da Casa Branca que falou sob a condição de anonimato disse que o processo estava “evoluindo”.
O maior corte particular mencionado no documento é da divisão de satélites da Noaa, conhecida pelo seu sistema de informações climáticas e ambientais. Sua equipe prepara um estudo afirmando não houve recente desaceleração nos índices de mudança climática. A pesquisa provocou a ira dos republicanos no Congresso.
Administradora da Noaa durante o governo de Barack Obama, Jane Lubchenco afirmou que 90% da informação para previsões meteorológicas vem de satélites.
? Cortar o orçamento de satélite da Noaa comprometerá a missão da agência de manter os americanos a salvo de condições climáticas extremas e fornecer previsões que permitam que empresas e cidadãos façam planos inteligentes ? ressaltou.
O alerta foi reforçado pelo ex-cientista-chefe da Noaa, Rick Spinrad:
? A pesquisa e as operações da Noaa, incluindo o gerenciamento de dados por satélite, oferecem suporte a necessidades críticas de segurança. Reduzir o investimento significaria comprometer a segurança do público americano.
Segundo Spinrad, os alertas meteorológicos para tornados e furacões poderiam ser comprometidos, assim como os serviços de orientação para embarcações, deixando-as sem as “previsões necessárias para manobrar com segurança nas águas costeiras”. Também seria mais difícil divulgar advertências sobre tsunami e eventos meteorológicos que poderiam causar falhas no fornecimento de energia.