O território dos indígenas Uru Eu Wau Wau, na Amazônia brasileira, está sofrendo a ?pior invasão em décadas?, que ameaça exterminar três tribos isoladas, denunciou nesta quarta-feira a ONG britânica Survival.
Com o apoio de políticos locais, proprietários de terras e colonos estão invadindo e desmatando áreas contíguas ao território dos Uru Eu Wau Wau ? que se autodenominam Jupaú ? no estado de Rondônia, apesar deste estar localizado em uma zona reconhecida oficialmente como Terra Indígena dentro do Parque Nacional Pacaás Novos, onde a fauna e flora também estão ameaçadas, disse a ONG em um comunicado.
O risco destas invasões é duas vezes maior para as tribos que nunca saíram do seu isolamento, porque muitos dos seus membros morrem por doenças contagiosas, como a gripe ou o sarampo, às quais não têm resistência, além de serem exterminados pelas pessoas que roubam suas terras e recursos.
A ONG de defesa dos direitos dos indígenas também divulgou uma carta que os Uru Eu Wau Wau ? contatados pelo governo brasileiro nos anos oitenta ? mandaram à Polícia Federal de Rondônia no início de agosto para denunciar essas invasões.
?Estamos muito preocupados porque as invasões estão próximas das aldeias (…). A situação é gravíssima e precisamos que os invasores sejam retirados com urgência, antes que índios ou invasores morram em um confronto dentro da Terra Indígena?, manifestou a tribo.
A invasão de terras é o maior problema que os povos indígenas enfrentam.
? Em todo o mundo, sociedades industrializadas estão roubando as terras indígenas em busca de lucro. É uma continuação das invasões e do genocídio que caracterizou a colonização europeia das Américas ? disse o diretor da Survival, Stephen Corry.
Várias tribos do Brasil desapareceram por doenças após contatos com o mundo exterior nos anos 1970 e 1980, segundo especialistas. Nos últimos anos, as autoridades optaram por tentar preservá-las de qualquer relação direta, a menos que fosse absolutamente necessário.
Há cerca de 900.000 indígenas de 305 etnias vivendo no Brasil. Suas terras ocupam 12% do território, a maioria na Amazônia, mas muitas ainda têm de ser delimitadas e foram ocupadas por colonos.