BRASÍLIA – Tão logo o presidente Michel Temer decidiu criar mais um ministério, desta vez o do Saneamento, para acalmar os governistas mineiros que reclamam de estarem à margem do poder, três deputados peemedebistas disputam a indicação do partido: Leonardo Quintão, Newton Jr, e Rodrigo Pacheco.
O coordenador da bancada do PMDB de Minas, Mauro Lopes, diz que a bancada ainda irá se reunir para definir o nome, mas que os três deputados já comunicaram interesse em assumir a pasta. Ele afirma que ficou de fora da disputa, assim como Saraiva Felipe, porque ambos já exerceram cargos de ministro. Lopes foi ministro da Aviação Civil nos estertores do governo Dilma Rousseff e Felipe comandou o Ministério da Saúde do governo Lula. Ele diz que Fábio Ramalho também foi excluído da divisão por já ser vice-presidente da Câmara.
? Estamos aguardando a sinalização do presidente para indicar o nome. Ele já anunciou para nós a criação do ministério e vamos reunir a bancada para definir. Tem que ver as pretensões eleitorais de cada um no ano que vem para decidir quem se adequará melhor ? afirma Lopes.
Segundo o deputado, a promessa de Temer é que o ministério será composto pela Secretaria de Saneamento, vinculada ao Ministério das Cidades, e pela Funasa, hoje ligada ao Ministério da Saúde. Atualmente, Cidades é comandada por um tucano, Bruno Araújo. Apesar de o Ministério da Saúde estar nas mãos do PP, com Ricardo Barros, a Funasa tem em sua cúpula nomes indicados pelo PMDB, inclusive pelo próprio presidente Michel Temer. A fundação tem sido alvo de disputa do PTN, que quer emplacar apadrinhados em sua estrutura de comando.
Fábio Ramalho, que protagonizado recentemente alguns embates com o governo, diz que o ministério será ?bem-vindo?, mas que não resolverá o problema de Minas Gerais.
? Isso não resolve. Hoje a questão de Minas é outra. São os royalties do minério, o ferroanel, as BRs, a dívida do estado. Tem que ter algo mais consistente porque Minas está muito desassistida. Mas, o que vier será bem-vindo ? diz Ramalho.
O Saneamento, questão ligada diretamente aos municípios, foi um dos três pilares que deram origem, em 2003, ao Ministério das Cidades. Ao assumir a Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva criou a pasta para garantir a ampliação do acesso à moradia, saneamento e transportes. A área é gerida pela Secretaria Nacional de Saneamento. Antes de bater o martelo quanto à criação da nova pasta, Temer conversou com o ministro das Cidades, Bruno Araújo, que não se opôs às mudanças.
Temer assumiu o governo pregando redução da máquina pública. A antecessora, Dilma Rousseff, chegou ao número recorde de 39 pastas, no fim de 2014. No ano seguinte, pressionada pela recessão, reduziu para 32 os ministérios. Temer, por sua vez, assumiu interinamente em maio de 2016, enviou uma Medida Provisória ao Congresso cortando mais nove pastas, caindo a um patamar de 23 órgãos. No entanto, a reforma administrativa do peemedebista não deu certo e houve recuos. Em poucos meses, o número saltou para 28. Temer precisou recuar da extinção das Cultura, pressionado pelo setor; devolver o status de Ministério aos Direitos Humanos, Advocacia-Geral da União e ao Banco Central; e por último recriou a Secretaria-Geral da Presidência, para acomodar Moreira Franco. Com o Ministério do Saneamento, Temer terá 29 pastas.