Cascavel – Com o término das obras de desassoreamento do Lago Municipal de Cascavel, principal cartão postal da cidade, uma nova obra vai mudar ainda mais o cenário do local. Anunciado ainda em 2019, os projetos do Território Verde estão sendo finalizados e avaliados pelos engenheiros do IPC (Instituto de Planejamento de Cascavel) para que possam ser licitados.
Nesta semana foi publicado no Diário Oficial do Município um aditivo de prorrogação do contrato, que fica vigente até fim de janeiro, mas que segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Nei Haveroth, é apenas uma formalidade para que eles tivessem tempo hábil para incluir no projeto alguns pedidos a mais que foram solicitados pelo Município. O contrato a “Jaime Lerner Arquitetos Associados”, de Curitiba, foi celebrado em 2020, por R$ 423 mil.
Haveroth explicou que foi solicitada a inclusão de serviços, como uma pista maior no entorno de todo lago e ainda uma nova ponte. “A nossa expectativa é as obras iniciem neste primeiro semestre logo após as primeiras licitações e, em seguida, ocorram até que todas licitações sejam feitas”, disse. O valor para a construção segue em captação de recursos, já que a obra toda engloba uma série de melhorias e o valor final será estabelecido após a conclusão dos projetos.
Será revitalizada toda a pista de caminhada e construído um amplo espaço gastronômico. O projeto conta ainda com palco flutuante dentro do lago, parquinho, portais e academia ao ar livre. Em 2022 o projeto que prevê a modernização do espaço teve que ser interrompido após a emissão de uma liminar da Justiça que impedia o andamento dos projetos, que acabou sendo derrubada após a aprovação do Plano de Manejo do Lago, exigência para que os projetos tivessem sequência.
Lei própria
De acordo com o secretário, desde o início, a ideia é que o Lago seja transformado em um parque de referência, num complexo de preservação ambiental, turismo, lazer e cultura, entre outras atividades. As melhorias também preveem alterações no Parque Ambiental Paulo Gorski, considerado a maior floresta urbana da região Sul do Brasil.
O Território Verde terá uma legislação específica que irá definir as construções e a forma de construir no entorno da área. A chamada Via Parque, que percorrerá todo o Território Verde, deverá priorizar a mobilidade de pedestres e ciclistas por meio de calçadas largas e permeáveis, ciclovias e vias compartilhadas com identidade visual e mobiliário urbano específico, além de sombreamento arbóreo.
Além disso, o projeto harmoniza as questões ambientais e de lazer, de maneira sustentável, para que possa ser mais uma ferramenta, mais um espaço, não só de lazer, mas também de educação ambiental. Isso atende as características do Plano de Manejo do Lago, documento que contêm o registro da fauna, flora e do Lago Municipal junto ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação.
457 árvores serão cortadas
Outra mudança que deve ocorrer neste ano é o corte de 457 árvores que ficam abaixo da barragem do Lago Municipal. Conforme Haveroth, mesmo que tenha a decisão da Justiça para que as árvores sejam cortadas, precisa ter o aval do IAT (Instituto Água e Terra) que condicionou a licença após a finalização do PAI (Plano de Ação Emergencial) que está sendo elaborado e que faz parte ainda do Plano de Segurança de Barragem do Lago.
“Pretendemos fazer o corte ainda este ano, mas vai depender da licença que precisamos”, salientou. A decisão foi acertada em uma audiência com o Ministério Público que tem um parecer favorável à retirada das árvores. A medida visa proteger a barragem do Lago, expedida ainda em dezembro de 2021, logo após a barragem ter sido enquadrada de “alto risco”. As fiscalizações ocorreram em todo o país, após o rompimento da barragem de Brumadinho, uma tragédia em que devastou a região e deixou 272 mortes.
Haveroth lembrou ainda que, tecnicamente, as árvores não têm função de segurar a barragem e impedem que seja feita uma vistoria no talude do lago e, depois de cortadas, serão substituídas por um grande gramado. Mais da metade delas são “pinus”, uma árvore exótica, sendo enquadrada como “invasora”, não deixando outras plantas crescerem.
Foto: Celso Dias