BRASÍLIA ? O ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), transferiu para o juiz Sergio Moro, em Curitiba, a condução do inquérito que apura se ex-senador Delcidio Amaral (sem partido-MS) cometeu corrupção passiva e lavagem de dinheiro. As suspeitas contra Delcídio surgiram a partir de delação premiada do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, que acusou o ex-parlamentar de receber propina pela compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras.
Teori tomou a decisão a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ao ser cassado do mandato parlamentar, Delcídio perdeu também o direito ao foro especial. Por isso, o inquérito não poderia mais tramitar no STF, e sim na primeira instância do Judiciário. No despacho, o relator ressaltou a ligação dos fatos com a Lava-Jato. ?Como visto, a situação fática descrita, em que se destaca a compra da refinaria no estrangeiro, guarda aparente pertinência com inquéritos e ações penais relacionadas a supostos crimes envolvendo a Petrobras?, escreveu o ministro.
Em depoimento prestado no acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, Delcídio admitiu ter recebido propina de US$ 1 milhão decorrente da compra de Pasadena. Baiano, por sua vez, disse em depoimento que pagou entre US$ 1 milhão e US$ 1,5 milhão a Delcídio em 2006, logo depois da compra da refinaria.