Curitiba – O presidente da Fomento Paraná, Juraci Barbosa Sobrinho, costuma dizer que o crédito é a mola propulsora da economia e fundamental para o sucesso de qualquer empreendimento, principalmente dos menores. Quem é empreendedor pensa em crescer e precisa de ferramentas para isso e o crédito é uma dessas ferramentas, afirma.
A agência financeira de desenvolvimento do Paraná tem esse perfil e apoia os pequenos e médios empreendedores no Estado. Até as prefeituras têm usado crédito barato para investir, principalmente em obras de pavimentação. Além do crédito, a Fomento Paraná apoia o setor produtivo com capacitação gerencial. É para melhorar a gestão e ajudar os pequenos negócios a serem mais duradouros e rentáveis, diz, ressaltando que a agência está se preparando para oferecer em breve uma linha de crédito, com recursos do BNDES, para capital de giro às empresas de micro e pequeno porte.
Como a Fomento Paraná está trabalhando para superar dificuldades do cenário econômico?
Juraci A Fomento Paraná é uma instituição financeira de desenvolvimento. É diferente de um banco comercial. Não emprestamos dinheiro. Financiamos projetos de investimento. Isso significa que apoiamos o empreendedor que precisa de recursos com baixo custo para tocar uma ideia para frente, ampliar o estoque de sua loja, reformar o estabelecimento, comprar uma máquina nova, um equipamento. Isso acontece o tempo todo. Com ou sem crise. Quem é empreendedor pensa em crescer e precisa de ferramentas pra isso. O crédito é uma dessas ferramentas. É uma mola propulsora da economia. E a Fomento Paraná oferece o crédito com uma das menores taxas de juros do mercado. Além disso, apoia a capacitação gerencial para melhorar a gestão e ajudar os pequenos negócios a serem mais duradouros e rentáveis.
A Fomento Paraná mede o impacto econômico dos recursos em crédito que são colocados no mercado em financiamentos?
Juraci São diversos os impactos, qualitativos e quantitativos. Desde 2011, a Fomento Paraná contratou em torno de R$ 150 milhões apenas em microcrédito e outros R$ 300 milhões em operações de maior porte. Esse dinheiro entra na economia do município e circula, trocando de mãos várias vezes e gerando novos negócios. A Fomento Paraná também financia obras públicas nos municípios. São R$ 1,2 bilhão em cinco anos e meio.
Além do benefício direto da obra na melhoria da infraestrutura, como a pavimentação de um bairro, cada investimento gera empregos. E também gera impostos que o município recolhe ou recebe como repasse do Estado, caso do ICMS. Esse imposto que retorna de uma obra praticamente cobre os juros do financiamento. Além disso, dependendo da obra, se é executada por empresa local, com empregados locais, ela vai gastar seus salários nos estabelecimentos locais, que vão comprar insumos e matéria prima de fornecedores locais. Isso é impacto do crédito também.
Quais são as áreas nas quais a Fomento Paraná está mais focada em atender no momento, ou nos próximos anos?
Juraci O Paraná é grande e por isso estamos fazendo esforços, por exemplo, na área de inovação, que é fundamental para o desenvolvimento de um país, para o aumento da produtividade. A Fomento Paraná é agente da Finep, com crédito de até R$ 80 milhões para financiar projetos de empresas inovadoras. Temos excelentes cases. Estamos em contato permanente com as universidades, com as incubadoras tecnológicas e outros parceiros. Neste ano nos tornamos cotistas de dois novos fundos de capital semente, o Criatec 3, criado pelo BNDES, e o Fundo Sul Inovação, com apoio da Finep. Somados, esses fundos poderão investir até R$ 250 milhões em projetos de empresas inovadoras com grande potencial de crescimento e lucratividade. Temos atenção também na produção de energia de fontes renováveis, que também não deixa de ser inovação. Enfim, estamos atentos ao mercado e às necessidades dos empreendedores.
Recentemente a agência anunciou a liberação de mais R$ 5 milhões para taxistas. Pelo visto é uma linha de crédito muito bem aceita.
Juraci Em três anos temos pouco mais de 1.500 veículos financiados e cerca de R$ 54 milhões contratados. Ajudamos a colocar carros mais novos nas ruas, com mais conforto e segurança para motoristas e usuários do serviço de táxi. Também são veículos menos poluentes, o que é bom para o meio ambiente. E como os juros são baixos, o motorista tem uma lucratividade maior na prestação de serviço, melhorando a renda da família.
Tem mais novidades no âmbito do crédito?
Juraci É preciso ter novidades para oferecer sempre. A Fomento Paraná está se preparando para oferecer a linha de crédito MPE Aprendiz, com recursos do BNDES, para capital de giro para empresas de micro e pequeno porte. Lançamos uma linha de capital de giro recentemente. Mas é preciso ter sempre uma alternativa a mais para o empreendedor. Também estamos entrando na linha BNDES Saúde, que tem foco em oferecer crédito para instituições filantrópicas ou beneficentes da área hospitalar. Também estamos colocando R$ 10 milhões em recursos da linha Banco do Empreendedor Micro e Pequenas Empresas à disposição de emissoras paranaenses de rádio AM, para financiar projetos de migração para a faixa de frequência FM, e trabalhando em conjunto com o Governo do Estado para aprovar três fundos estaduais de apoio às micros e pequenas empresas, que são o Fundo Garantidor, o Fundo de Aval e o Fundo de Risco.
Qual é a grande dica para quem quer empreender, quando se pensa no crédito?
Juraci A melhor dica é sempre planejar. Tem que colocar tudo no papel, antes de começar um empreendimento. Somente assim você vai conseguir ver tudo o que é preciso, saber o que falta, quanto custa, quanto tempo demora para o fornecedor entregar. Quando se faz isso dá para ter uma ideia de quanto dinheiro é necessário. Ou quanto dinheiro falta nas suas contas. O brasileiro tem uma cultura de querer começar um negócio sem ficar devendo. Ele junta as economias e investe. É um erro na maioria das vezes, porque o dinheiro acaba antes de o negócio estar no ponto certo de dar retorno, ou mesmo antes de abrir as portas. Nessa hora, quem não tem informação acaba entrando no cheque especial, no cartão de crédito, que é um dinheiro extremamente caro. O mais adequado é fazer o planejamento e guardar o dinheiro que você tem na mão para usar quando a empresa precisa ter capital para fazer giro, porque o capital de giro é muito caro.