RIBEIRÃO PRETO (SP) – O presidente Michel Temer disse nesta quinta-feira não ter a intenção de afastar preventivamente ministros citados nas colaborações premiadas de executivos da Odebrecht, que o Supremo Tribunal Federal (STF) pretende tornar públicas em fevereiro deste ano.
Durante entrevista depois de lançar uma nova linha de crédito do Banco do Brasil para o agronegócio, Temer disse que o afastamento depende do “teor das delações” e será condicionado a resultados de investigação, tanto no âmbito administrativo quanto do Judiciário:
– Nas delações você tem alguém falando de outrem. E quando você tem alguém falando de outrem, você tem uma investigação. Vai depender das investigações que forem feitas, em primeiro lugar na área administrativa, depois na área judicial, e depois até na denúncia, a ser recebida ou não pelo Judiciário. Então, temos um longo caminho pela frente – afirmou o presidente.
Os depoimentos de 77 executivos da Odebrecht à Lava-Jato deverão ser homologados no início deste ano. Por citar dezenas de políticos com foro privilegiado, o caso está no Supremo Tribunal Federal. Entre os citados estão ministros do atual governo, como Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (secretário de Parcerias e Investimento), além de aliados do governo e integrantes da oposição.
TERRAS INDÍGENAS
Nesta quinta, Temer disse também não ter mudado as regras para demarcação de terras indígenas, apesar de o governo ter publicado portaria criando um grupo de trabalho com poder de rever decisões da Funai, órgão responsável pela área. A iniciativa recebeu críticas de organizações socioambientais.
– Eu não mudei a demarcação, estamos fazendo estudos buscando a pacificação das terras indígenas com os fazendeiros. Isso tudo está sendo examinado, muito vagarosamente, com muito critério – afirmou.