Cotidiano

Temas do noticiário que você deve saber ao fazer o ENEM

Todos os anos, a banca de especialistas do Ministério da Educação, responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), pinça do noticiário os temas mais importantes que marcaram os últimos meses. Fatos que foram notícia em jornais, revistas, rádio, TV e internet vão parar na redação. Obviamente, não dá para absorver toda essa informação, mas o entendimento de alguns assuntos é obrigatório para quem tem o objetivo de ir bem na prova.

Coordenador da pós-graduação em Letras da Universidade Veiga de Almeida (UVA), Ozanir Roberti abre a lista falando de um assunto que domina o noticiário nacional há um bom tempo.

– Os temas de redação são sempre baseados no momento atual. Acho que não se fala de outra coisa senão a corrupção no Brasil. Ela é endêmica e atinge todos os níveis de instituições. Procurar soluções para resolver a questão seria um bom tema.

No entanto, o professor alerta que os examinadores podem optar por uma abordagem mais ampla.

– Falar de ética é uma forma mais abrangente de falar desse tema. Ética e cidadania. Como a ética funciona em uma sociedade em que todo mundo quer tirar vantagem? Na pessoa que fura fila, que anda no acostamento, dá carteirada? A ética está muito ligada à ideia de igualdade.

Coordenador de redação do Curso PH, Thiago Braga espera há alguns anos um tema de redação sobre mobilidade urbana. Proposta que exigiria conhecer as alternativas para o transporte, soluções dadas em grandes cidades, transportes limpos, veículos híbridos e elétricos, sem falar nos impactos ambientais.

– O tema da Redação do Enem é sempre relevante para a sociedade de hoje, acaba sendo uma bandeira, algo que encontre eco na sociedade – aponta o professor. Ele também acredita que o esporte como forma de integração, inclusão social, transmissão de valores e cidadania seria um prato cheio para o exame.

Outros temas quentes são os dilemas ambientais que a humanidade tem enfrentado, como a escassez de água, a contaminação de mares e rios por esgoto sanitário e o desmatamento das florestas. Na visão de Braga, uma proposta mais polêmica seria a mudança no estatuto no desarmamento. Além da discussão sobre violência e segurança, o tema também permitiria discutir os tiroteios em locais públicos ou mesmo o terrorismo que assombra o mundo.

Múltipla escolha

Diferentemente dos vestibulares e dos concursos públicos, elaborados anualmente por uma banca, as questões de múltipla escolha do ENEM são ‘sorteadas’ dentre um enorme banco de itens, constantemente atualizado e ampliado. A metodologia usada nesse sistema faz uma combinação de itens a cada ano, que permite dar o mesmo grau de dificuldade às provas e compará-las.

– O período da escravidão no Brasil tem caído constantemente no ENEM, com pelo menos duas questões na prova. Pode haver também alguma questão relacionando os movimentos migratórios do século 19 e os de hoje. A Europa que antes era exportadora de imigrantes para a América, hoje é um destino de imigrantes, compara Lucas Cabral, professor de História do cursinho Poliedro.

Da mesma forma, o exame faz constantemente uma ponte com os assuntos cobrados em História e o que vem acontecendo hoje no Brasil e no mundo.

– O questionamento da força do estado de bem estar social em um mundo globalizado, as leis trabalhistas, a terceirização, isso pode aparecer com um gancho para falar de Getúlio Vargas, pontua Luiz Augusto Teixeira, professor de História do Vestibular de A a Z.

Questões sobre memória e patrimônio histórico também podem ser cobradas. As ações do Estado Islâmico, que tem bombardeado ruínas do patrimônio histórico, sítios arqueológicos importantes para compreender o surgimento da civilização, seriam um ponto interessante para o ENEM abordar, segundo o professor.

Cuidado com opiniões de Facebook

Os professores apontam também que questões relativas ao reconhecimento e respeito à diversidade e às minorias também têm sido recorrentes. Porém, eles exigem abordagens inteligentes e não generalizações banais.

– É um exercício de cidadania e o senso comum não serve para a prova. Costumo dizer para os meus alunos que se eles seguirem o que muita gente diz nas redes sociais, vão errar no ENEM, alerta Teixeira.

Na mesma linha, Ozanir chama atenção para necessidade de se questionar os próprios preconceitos na hora de fazer o exame. De acordo com o professor, quem não faz essa reflexão pode acabar se dando mal.

– Se o candidato tem uma ideia muito diferente do senso comum, preconceituosa, a redação provavelmente será mal avaliada. É importante que se posicionar como a sociedade espera.