Maringá – O Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná) passa a ser um centro de produção de medicamentos biológicos para o tratamento de câncer, artrite e doenças autoimunes. Hoje essa categoria de medicamento é importada, tem alto custo e depende de tecnologia externa. A produção será destinada ao SUS (Sistema Único de Saúde).
A entrada do Tecpar nesse setor se dá por meio de PDP (Parceria para Desenvolvimento de Produtos), entre laboratórios públicos e privados e envolve a transferência de tecnologia. Seis medicamentos biológicos – Bevacizumabe, Etanercept, Infliximabe, Adalimumabe, Trastuzumabe, Rituzimabe – serão produzidos na fábrica do instituto que será construída em Maringá, no noroeste do Estado.
Antes de iniciar a produção, o Tecpar pode comprar os medicamentos de laboratórios estrangeiros parceiros e vender ao Ministério da Saúde. Isso amplia a oferta dos produtos pelo SUS, reduz o custo e gera recursos para financiar a incorporação da tecnologia por parte do instituto paranaense.
O diretor industrial do Tecpar, Rodrigo Silvestre, afirma que, além da redução de custos e da incorporação de tecnologia, a parceria facilita que os medicamentos cheguem ao sistema de saúde pública. Segundo ele, devido ao custo, hoje os medicamentos biológicos geram elevado número de ações judiciais, pois só são liberados para algumas indicações.
Atualmente, os medicamentos biológicos que têm PDP experimentam redução de custo de 50% em relação aos que não têm parceria. O Trastuzumabe, usado para tratamento de câncer de mama metastático, custa ao Estado cerca de três vezes mais se for adquirido por decisão judicial do que por meio de compras centralizadas pelo Ministério da Saúde.
Quando o ministério centraliza a compra de laboratórios públicos, como acontece no PDP, o preço baixa, pelo volume de compra e pelo poder de negociação do governo federal. “É esse uso estratégico do poder de compra do SUS que permite a incorporação de tecnologia da Política de Inovação Tecnológica em Saúde”, explica o diretor do Tecpar.
Além do laboratório paranaense, mais duas instituições públicas – Biomanguinhos e Butantan – foram confirmadas, em 2017, pelo Ministério da Saúde para o desenvolvimento da plataforma de anticorpos monoclonais.
Dez anos
Segundo o diretor técnico do Tecpar, o prazo de execução de todo o projeto é de dez anos. Ele começa com aquisição e fornecimento dos medicamentos e, gradativamente, será iniciado o processo industrial, com o envaze do produto e formulação. “Por último, vamos cultivar a célula, purificar as proteínas, até finalmente ter a posse do banco de células-mestre. Isso nos possibilitará dominar a tecnologia até chegarmos a produzir novos medicamentos, totalmente nacionais”.