Cotidiano

Supostos beneficiários eram pessoas comuns

Ainda segundo ele, fazem parte da lista beneficiários inscritos em programas do governo federal, como o Bolsa Família

O delegado da PF, Felipe Hayashi, explicou em coletiva, ao término da operação de ontem, que quase todos os 27 supostos beneficiários do esquema das bolsas de estudos irregulares não têm curso superior e nenhuma ligação com a universidade. Ainda segundo ele, fazem parte da lista beneficiários inscritos em programas do governo federal, como o Bolsa Família.

As investigações mostraram, também, que a maior parte dos beneficiários é autônoma. “Eles têm profissões como taxista, artesão, cozinheiro, auxiliar administrativo, dono de salão de beleza, motorista de furgão, entre outros”, detalhou o delegado, ressaltando que os valores pagos chegavam a R$ 17 mil por mês por pessoa.”Nem os professores mais titulados recebiam esses valores”, ilustrou.

ABERRAÇÕES

Também em coletiva de imprensa, o secretário de controle externo do Tribunal de Contas da União, João Manoel Dionísio, apontou para algumas verdadeiras aberrações. Ele relatou, por exemplo, o pagamento de R$ 739 mil a um auxiliar administrativo, R$ 515 mil a um motorista de furgão e outros R$ 318 mil a um cozinheiro de pizzaria.

UNIVERSIDADE SE MANIFESTA POR MEIO DE NOTA OFICIAL

“Diante da operação deflagrada nesta quarta-feira pela Polícia Federal, a Universidade Federal do Paraná informa:

1.As suspeitas de irregularidades no pagamento de bolsas e auxílios são objeto de investigações internas na UFPR desde dezembro de 2016, quando a própria universidade também tomou a iniciativa de encaminhar o caso à Polícia Federal, para investigação criminal. 
2. Assim que tomou conhecimento da suspeita de desvios de verba pública, em dezembro de 2016, a administração anterior da Reitoria determinou a abertura de sindicância para apurar responsabilidades. O procedimento é conduzido por uma comissão formada por dois professores e uma servidora técnico-administrativa e, por força de lei, corre em sigilo. O prazo para conclusão do trabalho é de 60 dias, prorrogáveis por mais 60. A previsão de término é meados de abril de 2017.
3. Por determinação do atual reitor, Ricardo Marcelo Fonseca, as duas servidoras suspeitas de envolvimento no caso foram suspensas do exercício de suas atividades funcionais, nos termos da Lei 8112/90.
4. O reitor Ricardo Marcelo Fonseca também determinou a criação do Comitê de Governança de Bolsas e Auxílios, visando a aperfeiçoar os mecanismos de controle sobre esse tipo de pagamento. Também está criada, por meio de portaria, comissão para trabalhar no Plano de Transparência e Dados Abertos da Universidade, instrumento para garantir que a sociedade tenha acesso a todas as informações de caráter público. 
5.A Universidade Federal do Paraná tomou todas as providências cabíveis para esclarecer os fatos e responsabilizar os eventuais envolvidos. Com o resultado da investigação, a UFPR solicitará a restituição dos valores ao erário. 
6. A gestão do reitor Ricardo Marcelo Fonseca reafirma seu compromisso com a transparência e a ética. Reforça ainda que condena veementemente qualquer prática ilícita e que continuará colaborando com as investigações, tanto no âmbito do Tribunal de Contas da União quanto da Polícia Federal”.