BRASÍLIA ? Mais um ex-executivo da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, prestou depoimento nesta segunda-feira no processo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pede a cassação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer. Apontado como o líder do departamento de propina da empreiteira, ele deixou o TSE, em Brasília, sem dar declaração à imprensa. Em seguida, o relator do caso, ministro Herman Benjamin, começou a ouvir o depoimento de Alexandrino Alencar, ex-diretor da empresa que seria ligado ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. Ainda é aguardado para a noite desta segunda-feira o depoimento de Cláudio Mello Filho, que também era diretor da Odebrecht. O relator quer detalhes do repasse de recursos da empresa para a campanha presidencial de 2014.
Na semana passada, prestaram depoimentos o herdeiro da empreiteira, Marcelo Odebrecht, e os ex-executivos Benedicto Barbosa da Silva Junior e Fernando Reis. Na quarta-feira, será interrogado o ex-executivo Luiz Eduardo Soares e também o dono de uma gráfica que teria prestado serviços para a campanha. Essa deve ser a última rodada de depoimentos no processo. Depois disso, o PMDB, o PT, o PSDB e o Ministério Público ainda poderão pedir novas diligências.
Ao fim da instrução do processo, Herman Benjamin deve elaborar um voto com a absolvição ou a condenação da chapa e levar para julgamento no plenário do TSE. Antes dos depoimentos da Odebrecht, ja tinham sido realizados 42 interrogatórios no processo. Em caso de condenação, Temer poderá perder o mandato e corre o risco de ficar inelegível. Dilma pode ser punida apenas com a inelegibilidade.
O relator determinou que os sete depoimentos dos ex-executivos da Odebrecht fiquem sob sigilo até que o Supremo Tribunal Federal (STF) torne pública a delação premiada da Odebrecht. Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a medida serve para garantir a segurança dos colaboradores e para não prejudicar essa fase das investigações.
Os novos depoimentos podem complicar a situação de Temer, que foi citado por delatores da Odebrecht. Na esfera penal, o presidente não pode ser processado por fatos ocorridos antes de ele assumir o cargo, sem ligação direta com o mandato. Mas ele poderá ser investigado pelos mesmos fatos na esfera eleitoral.
A previsão inicial do relator era de que o processo seria julgado ainda em abril. No entanto, advogados do caso e ministros do TSE avaliam que a inclusão dos depoimentos dos executivos da Odebrecht no processo vai atrasar ainda mais a conclusão das investigações.