A sonda Juno começou a orbitar Júpiter na madrugada desta terça-feira (GMT), em um importante passo desta missão de 1,1 bilhão de dólares que busca descobrir as origens do maior planeta do sistema solar.
“Bem-vindo a Júpiter”, disse um comentarista no controle da missão no Jet Propulsion Laboratory da Nasa, em Pasadena, Califórnia.
A sala explodiu em comemoração quando a sonda alimentada por energia solar, que viajou 2,7 bilhões de quilômetros desde seu lançamento, há cinco anos, entrou com sucesso na órbita de Júpiter, às 03H53 GMT de terça-feira (00H53 Brasília).
“Estamos dentro”, gritou Scott Bolton, responsável científico da missão. “São a melhor equipe que existe. Acabam de fazer o mais difícil já realizado pela Nasa”.
A sonda de quase quatro toneladas realizará uma série de 37 sobrevoos em torno de Júpiter, a maior parte sobre a espessa camada nebulosa, durante uma missão científica de 18 meses.
Os sobrevoos de Juno serão muito mais próximos do planeta gigante que o recorde anterior de 43.000 km estabelecido pela sonda americana Pioneer 11, em 1974.
Depois das duas primeiras voltas de 53,5 dias, Juno se colocará, a partir de outubro, em uma órbita de 14 dias, que a fará passar sucessivamente perto dos dois polos.
Durante seus sobrevoos, os instrumentos da sonda penetrarão a espessa camada de nuvens para estudar as gigantes auroras boreais, sua atmosfera e sua magnetosfera.
“Juno se aproximará de Júpiter a uma distância sem precedentes, para revelar seus mistérios”, destacou a responsável pelo programa da Nasa, Diane Brown.
Um dos principais objetivos da missão será compreender melhor do que é composto o interior, até agora inobservável, do planeta gigante.
Nove instrumentos a bordo
Juno, uma missão de 1,1 bilhão de dólares lançada no dia 5 de agosto de 2011, também vai cartografar os campos gravitacionais e magnéticos de Júpiter para determinar sua estrutura interna.
Os nove instrumentos da sonda, entre eles vários europeus (incluindo franceses e italianos), também vão medir as emissões radiométricas da atmosfera profunda do planeta, o que permitirá conhecer sua composição, sua estrutura metálica e seu ambiente ionizado.
“Hoje não se sabe se Júpiter possui ou não um núcleo central”, explicou Tristan Guillot, diretor do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França e membro da equipe científica da missão Juno, ressaltando que a sonda permitirá fazer “medições 100 vezes mais precisas”.
Juno não apenas deve ajudar a descobrir os segredos que cercam Júpiter, como também fornecerá novos índices sobre as condições que imperavam no momento do início do sistema solar, quando o planeta estava em formação.
Os responsáveis pela missão advertiram sobre os riscos potenciais para Juno ao se aproximar tanto do planeta. Mencionam principalmente a camada de hidrogênio – 90% da atmosfera – submetida a uma pressão tão grande que atua como um poderoso condutor elétrico.
Segundo os cientistas, este fenômeno combinado com a rápida rotação de Júpiter – um dia no planeta dura apenas 10 horas terrestres – geram um campo magnético muito potente que cerca o planeta e que pode ameaçar a sonda.
Para se proteger das fortes radiações, Juno possui uma sólida armadura de titânio que cobre seus instrumentos eletrônicos, seu computador de bordo e seus cabos elétricos. Com 172 quilos, esta abóbada reduzirá as exposições às radiações 800 vezes em comparação com a parte não protegida.
Juno leva a bordo três estatuetas da LEGO feitas de alumínio. Elas representam Júpiter, o rei dos deuses na mitologia romana, sua esposa e irmã Juno, e Galileu, o cientista italiano que descobriu as quatro grandes luas de Júpiter.
Há mais de 20 anos, a missão Galileu da Nasa permitiu estudar as luas de Júpiter, entre elas a Europa, dotada de um oceano de água sob sua espessa camada de gelo, onde podem existir organismos vivos.