SÓFIA ? Os búlgaros foram às urnas neste domingo para uma eleição legislativa com resultado incerto. Por um lado, podem renovar sua confiança no ex-primeiro-ministro conservador Boiko Borisov, ou ressuscitar os socialistas, que asusmem a proximidade com Moscou. Os colégios eleitorais abriram às 7h pelo horário local (1h de Brasília) e fecham às 20h (14h de Brasília). As primeiras pesquisas de boca de urna serão divulgadas logo depois.
As pesquisas eleitorais apontam para uma disputa acirrada entre os dois partidos principais, com cerca de 30% das intenções de voto para cada. Caso esse cenário se concretize, rodadas de negociações com uma coalizão de partidos nacionalistas podem determinar quem assume o comando do parlamento. A retórica patriótica tem influenciado a maioria dos candidatos, incluindo os de esquerda, informa a AFP.
? Nenhum país, do leste ou do oeste, deve influenciar a política búlgara ? disse a chefe dos socialistas, Kornelia Ninova, ao votar na capital Sófia.
Borisov, líder do partido conservador Gerb e duas vezes primeiro-ministro desde 2009, se apresentou neste domingo como o garantidor de uma ?Bulgária estável e previsível?.
Para o analista Ognyan Mintchev, diretor do Instituto de Estudos Internacionais de Sófia, ?se o PSB (Partido Socialista Búlgaro) vencer, a Bulgária corre o risco de ter uma política abertamente pró-Rússia. Se o Gerb retornar ao poder, manterá o equilíbrio entre o ocidente e a Rússia, que tem interesses importantes nos Bálcãs?.
Apesar da defesa patriótica, foram os temas internacionais que dominaram a campanha para a eleição legislativa, a terceira em quatro anos, apesar de a corrupção e o baixo nível da qualidade de vida continuarem sendo as prioridades dos eleitores do país mais pobre da União Europeia.
Monika Nikolova, de 47 anos, foi votar em Sófia com a esperança de que o novo governo ?se comprometa com a via reformista e contra a corrupção?.
Os socialistas, herdeiros dos comunistas de antes da queda da Cortina de Ferro, esperam aproveitar o impulso recebido pela conquista da presidência, em novembro do ano passado, pelo ex-chefe das Forças Aéreas, Roumen Radev. Assim como na campanha vitoriosa de Radev, os socialistas defendem levantar as sanções impostas pela União Europeia contra a Rússia e estreitar a cooperação com Moscou.
Já Borisov defende relações ?pragmáticas? com Moscou, sobretudo em importantes projetos energéticos comuns, e o alinhamento com as posições da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Líder carismático, ele foi chefe de polícia e prefeito de Sófia e é o único líder búlgaro a conquistar dois mandatos de primeiro-ministro após a queda do comunismo. Mas renunciou aos dois.
A eleição deste domingo é marcada pela fragmentação. Vários novos partidos surgem como reformadores, acusando os partidos tradicionais de favorecimento a um sistema oligárquico, que mistura interesses públicos com privados. Alexandre Naydenov, de 35 anos e funcionário de uma empresa de tecnologia, votou em um desses novos partidos ?para que eles possam se equilibrar com os grandes, completamente desconectados com a realidade?. Entretanto, ele diz ter ?pouca esperança?.
O Gerb e o PSB são os favoritos para conquistarem o maior número entre as 240 cadeiras do parlamento, mas uma coalizão de partidos nacionalistas deve alcançar o terceiro lugar, e impor suas condições a quem quiser formar maioria. Tanto os conservadores como os socialistas já se disseram dispostos a formar uma coligação com eles.