RIO – De um lado está Paulo (Caco Ciocler), médico que defende uma visão humanizada da profissão, com base numa relação de igual para igual entre doutores e pacientes. Do outro está Laura (Ana Petta), médica recém-formada que acredita na imparcialidade dos exames e diagnósticos ? e só. Links domingo
Nos papéis de mentor e aprendiz, eles são os protagonistas de ?Unidade Básica?, primeira série de ficção original do canal Universal, que estreia neste domingo, dia 11, às 22h.
Ambientada numa Unidade Básica de Saúde (UBS) de uma periferia não especificada de São Paulo, a série de oito episódios é uma espécie de antítese de produções sobre o universo médico, como ?E.R?, ?Grey?s anatomy? e ?Chicago med?, para citar algumas bem populares. Na atração criada por Newton Cannito e pelas irmãs Ana e Helena Petta, com produção da Gullane, não há o frenesi das emergências, o caos nos corredores ou os pacientes entre a vida e a morte.
Ali, os contatos dos médicos com as famílias acontecem durante consultas com horários marcados. O foco é a relação entre os profissionais e os moradores da comunidade. Além de Paulo e Laura, há a gerente Beth (Carlota Joaquina), a estagiária Samara (Bianca Müller) e o agente comunitário Malaquias (Vinícius de Oliveira).
? É um louco desafio, porque séries médicas tratam de urgência ou da descoberta de doenças raras. E aqui não há nada disso. São crônicas sobre o cotidiano do médico. Não é clima de hospital ? explica Cannito.
Roteirista de séries como ?9mm? (Fox) e ?Cidade dos homens? (Globo) e de longas como ?Bróder? (2010), Cannito não conhecia nada do tema, mas abraçou a ideia da série. O projeto surgiu de Helena, que é médica e já trabalhou numa UBS. E cada roteiro, diz Cannito, passava por um grupo específico de profissionais antes de ser gravado.
? Nossa pesquisa começou há alguns anos e já temos material para mais uns 15 episódios ? conta ele.
CIGARRO E INSÔNIA
Os casos presenciados por Paulo e Laura são todos inspirados em situações reais. Há o evangélico que acredita ter sido curado da Aids por Deus. Há a idosa diabética que se recusa a se cuidar. E, num episódio, Paulo chega a deitar na cama de um paciente para avaliá-lo e ajudá-lo.
? Queremos mostrar esse sistema que funciona e que a gente não conhece. É uma volta à medicina de família, médicos que vão às casas das pessoas ? diz Caco Ciocler.
O ator, visto pela última vez na TV como o Paulo de ?Boogie oogie?, na Globo, conta que foi buscar referência no Dr. House interpretado por Hugh Laurie na série homônima.
? A diferença é que, para ele o que interessa é a doença, o paciente atrapalha. Mas os dois médicos mantêm a mesma irreverência e sarcasmo. E não medem muito as consequências, o importante é a resolução. Esse médico existe, eu conheci um, e ele é adorado ? compara o ator.
O Dr. Paulo vivido por Ciocler trabalha há 15 anos na UBS. Ao contrário dos outros, não usa jaleco, porque acredita que ele distancia o médico do paciente. Aos poucos, o espectador vai percebendo que, apesar de demonstrar segurança no trabalho, Paulo tem lá seus problemas, como o vício em cigarro e a insônia.
? Ele é muito querido na comunidade, é quase como se misturasse com as pessoas. Mas é cheio de problemas ? diz Ciocler.
Um dos dramas do médico será o envolvimento com Laura. Desde o primeiro episódio, fica clara a tensão existente entre os personagens. E esse envolvimento dá novo rumo à vida da médica.
? Ela tem um noivo que vai aparecer mais para a frente. O planejamento dela era ficar um ano na UBS, casar, ter filho e se especializar em radiologia. Só que ela começa a colocar tudo em xeque, e se encanta pelo Paulo ? conta Ana.