SÃO PAULO – O presidente Michel Temer afirmou nesta segunda-feira que, se “houver delitos e malfeitos” na política brasileira, eles devem ser revelados todos de uma vez para não paralisar o país. Temer deu a declaração ao receber o prêmio Líder do Brasil, oferecido pelo Grupo Lide, do prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB).
– Se houver delitos e malfeitos, que venham todos à luz de uma única vez. Eu encaminhei ao procurador-geral da República uma carta para que venham todos imediatamente à luz. O Brasil Não pode aquietar-se, mas também não pode paralisar as suas atividades – discurso Temer, no evento, realizado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo de São Paulo.
Em ofício enviado na tarde desta segunda-feira a Rodrigo Janot, o presidente pede que sejam feitas investigações para evitar os vazamentos de delações premiadas não homologadas. Temer argumenta que o ajuste fiscal do governo vem sofrendo “interferência” por “ilegítimas” divulgações de colaborações premiadas. Em delação revelada na última sexta-feira, o ex-executivo da Odebrecht Claudio Melo Filho disse que a empreiteira repassou R$ 10 milhões a pedido de Temer nas eleições de 2014. Para o presidente, o momento exige coragem.
– Coragem para fazer coisas aparentemente impopulares, mas que gerarão popularidade logo ali adiante – afirmou Temer, citando como exemplos de medidas impopulares a PEC do teto de gastos e a reforma da Previdência.
– Eu apreciaria imensamente não ser chicoteado pelas redes sociais por causa da Reforma da Previdência. Temer afirmou ainda que gostaria de fazer um governo com gastos sem se preocupar com o futuro governante do país, mas, segundo ele, o momento exige que o Brasil seja repaginado.
No momento em que negocia o aumento do espaço do PSDB em seu governo, o presidente ainda ouviu do anfitrião, o governador tucano Geraldo Alckmin, que ele deveria “se sentir em casa” na sede do governo paulista. Por sua vez, Temer disse que Alckmin “sempre foi um homem de posições límpidas e corretas”.
Alckmin foi acusado por executivos da Odebrecht de ser beneficiado por contribuições de campanha por meio de caixa dois. Também homenageado na noite, o empresário Abílio Dinizi citou de forma indireta as delações e seguiu um discurso na linha do adotado por Temer.
– Se tem questões que transitam pela Justiça, elas serão encaminhadas pela Justiça. Nós não podemo paralisar o Brasil – disse Diniz, que defendeu a necessidade de união. Já João Doria não falou sobre as acusações contra Temer, mas também defendeu que o país necessita de união, sendo aplaudido com entusiasmo pelos empresários presentes.