MOSCOU ? Pela primeira vez, a Rússia conduziu nesta terça-feira bombardeios contra extremistas na Síria a partir de bases militares no Irã. Este é considerado um importante passo de Moscou para reforçar sua presença militar no Oriente Médio e avançar na cooperação militar entre os dois principais aliados do governo sírio.
O Ministério da Defesa da Rússia anunciou que bombardeiros Tu-22M3 e Su-34 decolaram da base militar de Hamedan, no noroeste do Irã, para atacar na Síria posições do Estado Islâmico (EI) e da Frente al-Nusra ? grupo que, após recentemente ter renunciado a lealdade à Al-Qaeda, atualmente se identifica como Frente Fateh al-Sham, , que significa Frente para Conquista da Síria.
Estes ataques aéreos permitiram, segundo o ministério, destruir cinco grandes depósitos de armas e munições e campos de treinamento em Deir Ezzor e em Al Bab, uma cidade controlada pelos jihadistas na região de Aleppo. Os aviões russos também bombardearam três centros de comando nas regiões de Jafra e Deir Ezzor, eliminando um grande número de combatentes, segundo o comunicado de Moscou.
Esta é a primeira vez em que a Rússia utiliza um terceiro país para bombardear a Síria em sua campanha militar no país, inciada há quase um ano. Os Estados Unidos, que lideram a coalizão internacional de combate ao EI, disseram ter sido informados das operações russas.
Rússia e Irã são os dois principais aliados do regime sírio de Bashar al-Assad ? a quem oferecem apoio político, financeiro e militar na luta contra rebeldes e extremistas. Segundo o secretário do Conselho supremo de segurança nacional do Irã, Ali Shamkhani, os dois países trocaram meios e infraestruturas no âmbito da luta antiterrorista.
Uma fonte militar também revelou na segunda-feira à agência de notícias ?Interfax? que Moscou havia pedido ao Irã e ao Iraque permissão para lançar mísseis de cruzeiro atravessando o espaço aéreo destes países. O primeiro-ministro iraquiano, Haider al Abadi, no entanto, anunciou que os bombardeios russos podem cruzar o espaço aéreo do país se forem cumpridas determinadas condições ? que o próprio premier não definiu, segundo o relato da agência ?TASS?.
O ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, anunciou na segunda-feira que Moscou e Washington estavam próximos de alcançar um acordo sobre uma cooperação militar em Aleppo, onde as forças de Damasco enfrentam os rebeldes. Shoigu não informou as modalidades desta cooperação, mas um diplomata russo de alto escalão, Alexei Borodavkin, indicou que pode se tratar da entrega de ajuda humanitária conjunta e de um acordo para diferenciar os grupos rebeldes “moderados” dos extremistas em Aleppo.
A situação em Aleppo, assim como a coordenação das ações na luta contra grupos extremistas na Síria, foram comentadas em uma conversa na tarde desta terça-feira entre Lavrov e seu colega americano, John Kerry, segundo um comunicado da diplomacia russa.
A ONG Human Rights Watch acusa a aviação síria e russa de utilizar repetidamente bombas incendiárias em ataques contra civis no Norte da Síria. A guerra na Síria, que começou em março de 2011, já deixou mais de 290 mil mortos e obrigou milhares de pessoas a abandonar seus lares.