RIO ? A governadora de Roraima, Suely Campos (PP), assinará na próxima segunda-feira um decreto que criará um gabinete emergencial para lidar com a imigração de venezuelanos. O grupo será formado por diversas secretarias do governo estadual, e terá prazo inicial de seis meses, que poderá ser prorrogado.
O coordenador do gabinete será o coronel Edvaldo Amaral, comandante da Defesa Civil no estado. De acordo com Amaral, a prioridade é cuidar dos venezuelanos que já estão no país. Mas ele admite um receio de isso possa atrair ainda mais imigrantes, o que poderia tornar inviável uma ação do governo. A estimativa é que mais de 30 mil imigrantes estejam em Roraima.
? Estabelecemos prioridades, como fazer uma triagem dos venezuelanos, para saber exatamentes quais são suas demandas. O que nos preocupa, nesse primeiro momento, é atender as pessoas que estão aqui. Mas isso pode acarretar um aumento desse fluxo, pode ser um chamariz ? alerta o coronel, que também é chefe do Corpo de Bombeiros em Roraima
Além da Defesa Civil, também vão participar do gabinete as secretarias da Casa Civil, Trabalho e Bem-Estar Social, Saúde, Educação, Segurança, Justiça e Cidadania e Secretaria Extraordinária de Assuntos Internacionais, entre outras.
As autoridades de Roraima esperam a cooperação tanto do governo federal quanto da Venezuela. Segundo Amaral, sem esse apoio não será possível resolver a situação.
Em nota, o Ministério da Justiça afirmou que enviará em parceria com a Polícia Federal, com o Ministério das Relações Exteriores e com o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), uma missão para o local, com o objetivo de analisar a situação so imigrantes e propor ?soluções duradouras?.
O texto relata que muitos venezuelanos vem ao Brasil apenas para comprar alimentos, e depois voltam para seu país de origem, mas destaca que ?tem crescido o número de pessoas que permanece no Brasil, destacadamente em Roraima?. Segundo o Ministério, as soliticações de refúgio no estado nesse ano já somam 1.805, valor maior do que a soma de pedidos dos últimos cinco anos (1.096).
PARACAIMA, PORTA DE ENTRADA
Habitantes do país vizinho, que enfrenta grave crise econômica e tem até restrição de produtos considerados básicos, atravessam a fronteira em busca de melhores condições no Brasil. Os venezuelanos utilizam como porta de entrada o município de Pacaraima ? a ?fronteira seca? com o país ?, cidade com pouco mais de 10 mil habitantes localizada no Norte de Roraima.
Entre 13 de outubro de 2015 e 13 de outubro deste ano, a Polícia Federal registrou 58.211 entradas legais de venezuelanos no Brasil pelo ponto de migração terrestre em Pacaraima ? o equivalente a 99,57% dos imigrantes daquele país. O ponto de migração terrestre em Bonfim, no mesmo estado, registrou 221 imigrantes da mesma nacionalidade (0,38% do total). O aeroporto internacional de Boa Vista, capital de Roraima, recebeu 31 venezuelanos neste mesmo período, o correspondente a 0,05%.
De acordom com a PF, em 2014 foram realizadas 33 deportações de venezuelanos, contra 54 no ano seguinte. Em 2016, as deportações já somam 414.