Cotidiano

Revolução digital abre novas fronteiras para o jornalismo investigativo

research-390297_1920.jpgRIO ? Para o jornalismo, a revolução digital apresentou desafios nunca antes
enfrentados, com a entrada de novos modelos de negócio na disputa pela
publicidade. Mas para o jornalista, a tecnologia trouxe ferramentas antes
impensáveis, que facilitaram, muito, o dia a dia da produção de notícias. Joshua Benton,
diretor do Nieman
Journalism
Lab, da Universidade Harvard, lembra que no início da carreira, uma
simples busca por uma reportagem sobre um determinado assunto poderia consumir
horas.

? Para acompanhar um fato, eu precisava ir ao arquivo. Acessar informações
era muito difícil antes do Google ?
lembra Benton,
destacando que algumas ferramentas que surgiram nos últimos anos abriram as
portas para reportagens antes impossíveis de serem feitas.

Nesse sentido, a maior revolução aconteceu com a análise de dados. Antes da
revolução digital, eram raros os bancos de dados públicos organizados, e as
ferramentas disponíveis tornavam a análise dessas informações virtualmente
impossível. José Roberto de Toledo, do conselho da Associação Brasileira de
Jornalismo Investigativo, explica que o fenômeno conhecido como Big Data abriu uma nova frente para o
jornalismo.

? É uma quantidade tão grande de dados que não cabem numa planilha de Excel. Para lidar com eles, precisamos de
ferramentas apropriadas, não porque a gente acha bonito, mas por necessidade ?
diz Toledo. ? Mas essa necessidade só existe por causa da revolução digital.

Não que o trabalho clássico do jornalista tenha sido substituído. Ele ainda é
responsável por apurar, investigar, checar informações e escrever um bom texto,
mas também precisa saber ?entrevistar os dados?, para se municiar com
informações mais precisas durante o trabalho de apuração. E essa nova frente no
jornalismo requer novos conhecimentos.

NOVOS CONHECIMENTOS

Hoje, o jornalista precisa de conhecimentos até pouco tempo impensáveis para
a carreira. Estatística e matemática não faziam parte do repertório tradicional
deste campo das Ciências Humanas, tampouco linguagens de programação de
computadores. Toledo explica que não é preciso ser um especialista, mas ter ao
menos noções para poder conversar com programadores que forem contratados para
escrever programas de análise de dados.

Benton, do
Nieman Journalism Lab, lembra ainda que as novas tecnologias também
criaram métodos de visualização e apresentação de dados antes inimagináveis.
Infográficos são construídos rapidamente, destrinchando quantidades imensas de
informações.

? Para descobrir em nível estatisticamente significativo alguma verdade
dentro de um banco de dados era difícil e consumia tempo. Ilustrar essa
informação para o leitor era de difícil a impossível ? diz o pesquisador.