BRASÍLIA – O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reagiu na tarde desta quarta-feira à ameaça dos procuradores de abandonar a Lava-Jato caso o Senado também aprove o pacote anticorrupção desfigurado pela Câmara. Renan disse que a decisão da Câmara não pode “sofrer pressão externa” e acrescentou que não é cabível uma “cadeia nacional” contra o Estado Democrático de Direito.
Ele voltou a criticar medidas do pacote original. Pela manhã, Renan disse que o Senado não vai votar o pacote neste momento, não tendo pressa, apesar de ter defendido das mudanças aprovadas pela Câmara.
? As medidas foram sugeridas pelo Ministério Público. A decisão da Câmara é uma decisão sobre a qual não pode haver pressão externa. Isso conflita o Estado Democrático de Direito. E você não pode fazer cadeia nacional para pressionar por nada que absolutamente conteste, esvazie o Estado Democrático de Direito. O Brasil não está nesse estágio da democracia ? disse Renan.
Sobre ter chamado algumas propostas de fascistas, Renan explicou:
? Falei que algumas coisas propostas, como validação da prova ilícita, fim do habeas corpus, reportante do bem, teste de integridade são incompatíveis com o Estado Democrático de Direito.
Já outros senadores afirmaram, em discursos no plenário, que o pacote como foi aprovado na Câmara não passará no Senado.
O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), disse que não há chances de o assunto prosperar.
? Não há nada que me faça votar isso ? disse Aloysio.
? O Senado deve se transformar no bastião contra esse tipo de coisa ? acrescentou, em aparte, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF).
Até o senador Magno Malta (PR-ES) reclamou da Câmara.
? Criou-se uma anomalia, um monstro. Fizeram do pacote uma mula sem cabeça na passarela.
LIBERDADE DE IMPRENSA
O presidente do Senado, Renan Calheiros, ainda defendeu a liberdade de imprensa, criticando a decisão da Justiça de quebrar o sigilo telefônico da jornalista Andreza Matais.
? A liberdade de expressão é um dos alicerces da democracia, devemos, mesmo com excessos, torná-la um direito sagrado.