BRASÍLIA – Relatório da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) registra 174 agressões contra profissionais de empresas de comunicação ao longo de 2016, duas delas resultaram em morte. Os números indicam um crescimento de 60% em casos de agressões físicas ou verbais contra repórteres e cinegrafistas, entre outros profissionais do setor, em comparação aos casos de violência anotados em 2015. Boa parte dos casos de agressão aconteceram durante as manifestações pró e contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Os dados do relatório “Violações à liberdade de expressão” colocam o Brasil entre os dez países mais perigosos para o exercício do livre jornalismo. Neste ranking, o Brasil aparece ao lado de Iraque, Síria e Afeganistão e Turquia, entre outros países devastados por conflitos armados. Na América Latina, a situação brasileira só não é pior que a do México, que aparece com o país com o maior número de agressões a profissionais de comunicação. No relatório não constam roubos e outros casos de violência comum contra os profissionais do setor.
? A maioria dos ataques (contra profissionais de comunicação) aconteceram em manifestações e, infelizmente, vieram de autoridades públicas. Ainda não há no Brasil um real compreensão do papel da imprensa tanto por parte das autoridades de segurança, quanto das correntes (políticas) que estão ali – afirma Paulo Tonet Camargo, presidente da Abert.
Tonet deverá entregar o relatório ao Ministério da Justiça e outras autoridades públicas. A ideia é cobrar do governo federal e dos governos estaduais uma política especial para coibir a violência contra jornalistas. A sugestão é que as secretarias de Segurança Pública promovam treinamento para preparar policiais para lidar com profissionais de comunicação em grandes coberturas.