Cotidiano

Relator da Previdência critica lobby de servidores públicos contra mudanças

BRASÍLIA – O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Maia (PPS-BA), defendeu as mudanças no regime de aposentadoria dos servidores públicos – previstas na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 287. Ao falar para uma platéia de sindicalistas, ele afirmou que a Previdência não existe para pagar altos salários e deve ser encarada como uma questão de subsistência. Maia também criticou o comportamento da categoria ao atacar publicamente a reforma, com discursos inflamados a favor dos trabalhadores do setor privado, mas que no seu gabinete só pensa em si mesma.

? A Previdência não existe para pagar quem ganha R$ 35 mil, R$ 40 mil. É para quem está no regime geral. Aposentadoria é subsistência e quem quiser algo melhor que faça algum tipo de poupança ? disse o relator, acrescentando:

? Os funcionários públicos têm salario maior do que os trabalhadores privados. São eles que fazem os discursos mais inflamados na comissão. Mas quando vão falar comigo, esquecem os trabalhadores e só pensam na vida deles. Há um descompasso entre o que eles falam na comissão e no meu gabinete.

Maia destacou que atualmente existem 89 regras de transição de diferente para o regime de aposentadoria dos servidores públicos. Segundo ele, isso é uma coisa “terrivel” e que as regras precisam unificadas, inclusive para todos os trabalhadores.

Ao ser rebatido por sindicalistas presentes da Executiva Nacional da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), que discordaram de que os salários dos funcionários são elevados, Maia respondeu:

? Estou falando dos salários dos funcionários do primeiro escalão de Brasília.

Durante a palestra, ele reiterou que vai manter no relatório a aposentadoria especial para policiais (civis, federais e rodoviários), desde que eles exerçam de fato atividade de risco. A proposta do governo veda que essas categorias continuem se aposentando na frente dos demais trabalhadores.

Ele também criticou a mudança de regras na área rural, sobretudo para quem faz parte da agricultura familiar. O texto encaminhado ao Congresso prevê uma contribuição individual – o que pode pesar no orçamento da família. Para o relator o recolhimento deve ser por núcleo familiar e inferior a 5% (alíquota do Microempreendedor Individual-MEI). Ele também voltou a defender regras diferenciadas para mulheres com filhos.