BRASÍLIA – A coordenadora do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) Nacional, Andréa Bolzon, afirmou que as reformas que o governo propôs na Previdência e na área trabalhista podem colocar em risco o desenvolvimento humano no Brasil. O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) foi divulgado na manhã desta terça-feira. Segundo ela, é preciso fazer mudanças nas regras atuais, mas também preservar as pessoas mais vulneráveis:
– Esse (reformas) é um tema importante no país agora. Entendemos a necessidade de reformas, mas é preciso ter um olhar mais atento às pessoas de maior vulnerabilidade. Acreditamos que, na Previdência, o país vai encontrar uma forma de fazer as mudanças necessárias sem prejudicar as pessoas que estão mais frágeis. O mesmo vale para a reforma trabalhista. A gente confia que o que está em pauta vai ser feito sem colocar em risco as conquistas históricas do Brasil.
Segundo ela, apesar da estagnação brasileira no ranking do IDH, é preciso destacar que a rede de proteção social do país minimiza os impactos da queda na renda, que foi a maior responsável pelo fato de o índice ter estacionado:
– Não podemos fechar os olhos para outros indicadores que são tão importantes quanto a renda. Apesar da recessão, do aumento da pobreza, é importante olhar se as pessoas estão vivendo mais. Como a gente estaria sem os mecanismos de proteção social? Aqui no Brasil, as pessoas podem fazer o cadastro único, ter acesso ao Bolsa Família.
FUTURO
Ela afirmou que ainda não é possível prever se o IDH brasileiro continuará estagnado em 2016, mas que tudo indica que não haverá uma evolução, pois a economia teve uma retração forte no período:
– O que vai acontecer com a esperança de vida das pessoas? O RDH é uma surpresa todo ano. A gente nunca sabe. Os dados de 2016 a gente já sabe que são ruins, o que contamina muita coisa. Mas não dá para dizer que de fato vai haver retrocesso. Certamente uma melhora significativa está fora de questão.
Segundo Andrea, a estagnação brasileira foi ruim, mas o Brasil tem indicadores muito positivos nas áreas de saúde, educação. Tanto que, para que o IDH apresentasse um retrocesso em 2015, a renda dos brasileiros teria que ter recuado a patamares anteriores a 2010.