SÃO PAULO – A intensificação da recessão brasileira amplia os riscos de a Caixa Econômica Federal não conseguir fazer provisões suficientes para cobrir perdas crescentes com calotes, aumentando a pressão sobre os índices de capitalização do banco estatal, afirmou nesta quarta-feira a agência de classificação de risco Moody’s.
A Caixa é mais sensível à crise econômica do país do que outros grandes bancos porque atua com empréstimos a segmentos cuja capacidade de pagamento é altamente correlacionado com o aumento do desemprego e a inflação alta, afirmou a entidade em relatório.
?Historicamente, o foco da Caixa em classes de empréstimos com garantia como crédito imobiliário e consignado ajudou a entidade a manter taxas de inadimplência abaixo da média do sistema, mas a forte expansão em carteiras não tradicionais para o banco expuseram a instituição a classes de ativos de maior risco?, afirmou Ceres Lisboa, vice-presidente sênior da Moody´s. ?Esperamos que a atual recessão resultará em aumento das provisões para o banco?.
Segundo a Moody’s, o banco enfrenta queda em sua rentabilidade.
“A desaceleração do volume de negócios e a crescente inadimplência da Caixa resultaram em despesas de provisionamento que consumiram totalmente as receitas antes das provisões desde 2015, à medida que os custos de captação aumentaram. Essas pressões estruturais reduziram a capacidade de recomposição de capital do banco”, avalia a agência.
A Moody’s afirma que esse cenário de dificuldades “elevarão a presão para que o banco adote medidas para fortalecer seus índices de capitalização”. A agência diz que a dimensão do déficit de capital da instituição financeira depende mais do ritmo de piora da qualidade de ativos que do crescimento da carteira em si.
“No entanto, se uma injeção de capital se provar necessária, os analistas da Moody´s afirmaram que o montante requerido não deve exceder 0,3% do PIB ou 1% das receitais do governo, e que este poderia arcar com tal demanda apesar de sua situação fiscal”, diz a nota da agência.