CIDADE DO MÉXICO ? O chefe da redação de um jornal de Veracruz, no Leste do México, foi baleado nesta quarta-feira e encontra-se em estado grave, segundo uma autoridade local. Este é o quarto ataque contra um jornalista desde o início do mês no país, que tradicionalmente sofre com altos índices de violência contra profissionais da imprensa.
Armando Arrieta, chefe da redação do jornal ?La Opinión? de Poza Rica, onde trabalha há mais de duas décadas, foi surpreendido ao chegar em sua casa de madrugada e ser baleado por dois homens, disse Jorge Morales, secretário executivo da Comissão Estatal para a Atenção e Proteção de Jornalistas.
? Ele está em estado grave, os tiros foram disparados quase à queima-roupa ? disse. ? Ele chegava em sua casa na madrugada desta quarta-feira depois de terminar seu trabalho na edição, saiu do seu carro e, ao fechar o portão, dois indivíduos atiraram nele.
Morales afirma que Arrieta não se encontrava em nenhum esquema de proteção a jornalistas em risco ou ameaçados. De acordo com conhecidos, ele é uma pessoa muito séria que não costuma se envolver em conflitos ou reportagens perigosas.
? Não sabíamos que ele já tinha recebido ameaças em seus mais de 20 anos de profissão ? disse um amigo, que pediu para não ser identificado.
PERIGO À IMPRENSA
Situado a 400 quilômetros a leste da Cidade do México, o estado de Veracruz é considerado como o mais perigoso do país para a imprensa: 20 jornalistas já foram assassinados desde 2000, segundo dados da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
No início de fevereiro, a RSF denunciou o México como o país mais perigoso da América Latina para o exercício do jornalismo, com 99 repórteres assassinados nos últimos 16 anos. Este número não inclui os três mortos neste mês. Em nível mundial, o México ocupa o terceiro lugar em número de jornalistas assassinados, somente depois da Síria e do Afeganistão, de acordo com a ONG.
Na quinta-feira passada, Miroslava Breach foi assassinada em Chihuahua, no Norte do México, em um crime que despertou a indignação de organizações internacionais. Foi a terceira morte de um jornalista no país somente no mês de março. A repórter, que recentemente havia relatado os laços do narcotráfico com alguns políticos, foi encontrada de madrugada dentro de seu carro com vários tiros na cabeça.
No dia 19 de março, também foi assassinado o jornalista Ricardo Monlui Cabrera quando saia de um restaurante em Veracruz, acompanhado de sua esposa e seu filho. O repórter Cecilio Pineda também foi morto, no dia 2 de março, no estado de Guerrero, Sudoeste do México.