Foz do Iguaçu – As iniciativas promovidas pelo PTI (Parque Tecnológico de Itaipu), em parceria com outras instituições da região, geram benefícios para todo o território de maneira sustentável. Algumas dessas soluções visam à modernização das atividades agrícolas, ao armazenamento de energia e ao apoio a cadeias produtivas para fomentar o desenvolvimento sustentável da região oeste do Paraná.
O objetivo dessas iniciativas, no entanto, vai além da criação de tecnologias inovadoras capazes de expandir o potencial socioeconômico do território, norteando seus avanços em práticas voltadas à conservação do meio ambiente.
Câmaras técnicas
Como um dos atores do POD (Programa Oeste e Desenvolvimento), o PTI atua em conjunto com uma série de instituições, entre elas a Itaipu Binacional, para encontrar soluções inovadores para os problemas existentes na cadeia produtiva da região.
O programa envolve os 54 municípios que compõem a Amop (Associações dos Municípios do Oeste do Paraná) e tem suas atividades operacionalizadas no PTI por meio da área de Desenvolvimento Territorial.
De acordo com os analistas técnicos Victoria Maria Ferreira Diniz e Jerri Cuque Toninato, o PTI participa do POD por meio da gestão de algumas das câmaras técnicas da região, como as de grãos, proteína animal e meio ambiente, visando a sustentabilidade das suas atividades ao longo do tempo.
Para Diniz, a participação do PTI e a disponibilização de toda a sua infraestrutura às ações do POD são cruciais para viabilizar o engajamento de outros atores da região no processo de solução de problemas ambientais. “Sem o Parque Tecnológico dialogando com os agentes da região, seria muito difícil consolidar um programa e ações como essas”, ressalta a analista.
Piscicultura
Um exemplo é o apoio dado pelo POD aos piscicultores da região, por meio das câmaras técnicas do peixe, nas quais eles recebem orientações sobre as licenças ambientais para a construção de açudes de decantação, destinados a receber a água da piscicultura. “Essa prática contribui de duas formas: impede que resíduos da água caiam diretamente no leito do rio e o escape de peixes exóticos de produção nos corpos hídricos da região. Esse é um trabalho que vem sendo discutido na câmara técnica do peixe, bem difundido entre os produtores”, comenta Toninato.
Energias renováveis
Em um cenário mundial em que existe uma crescente demanda energética e há uma aposta cada vez maior em fontes renováveis, como a solar, eólica e hidráulica, um dos grandes desafios é o armazenamento da energia produzida. No PTI são feitas pesquisas e desenvolvimentos, em parceria com a Itaipu Binacional, com as baterias de níquel-sódio.
A tecnologia da bateria de níquel-sódio faz parte de uma classe de baterias conhecidas como bateria de sal difundido. Essa tecnologia, além de ser uma fonte segura e de baixo custo, é ecologicamente correta, uma vez que não é tóxica e é reciclável. As baterias de níquel-sódio tem aplicação tanto estacionária como veicular, e podem ser uma alternativa às baterias de lítio que tradicionalmente são usadas nos veículos elétricos, mas possuem pouca autonomia e dificuldade para troca e descarte.
As pesquisas sobre o potencial das baterias de sódio são realizadas no PTI desde 2011. A iniciativa foi viabilizada pela parceria com a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e a Itaipu, em parceria com o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica, localizado na Suíça.
Agricultura de precisão
Outro projeto desenvolvido no PTI, a partir de uma demanda solicitada pela Itaipu de automatizar seu Smec (Sistema de Monitoramento de Estações Climáticas) dentro da usina, foi executado por meio do Celtab (Centro Latino-Americano de Tecnologias Abertas).
O gerente do Celtab, Miguel Diogenes Matrakas, explica que, até então, para a aquisição dos dados das estações da Itaipu era necessário o deslocamento de um técnico ao local para verificação das unidades. Essa solução desenvolvida à hidrelétrica resultou em uma segunda proposta do Celtab: o projeto “Smart Farm” (fazenda inteligente, em português).
Esse projeto prevê a modernização das atividades agrícolas por meio do abastecimento de um banco de dados para uma região específica de cultivo, aperfeiçoando técnicas associadas à agricultura de precisão por meio da Internet das Coisas (IoT). O coordenador do Laboratório de IoT do Parque, Rolf Massao Satake Gugisch, destaca que o padrão utilizado envolve o uso de sistemas de rastreamento e navegação (GPS) e fornece dados gerais de grandes áreas.
A solução desenvolvida pelo Celtab, em parceria com a Unioeste, permite que os produtores trabalhem com dados mais específicos sobre suas propriedades. “Por exemplo, no caso de uma plantação realizada hoje, é possível sabermos pelos dados colhidos da região, do clima e do produto, quantos dias levará para a colheita”, destaca Gugisch.