Professores da rede estadual de ensino protestaram ontem, em frente ao NRE (Núcleo Regional de Educação) de Cascavel, para lembrar os 29 anos das agressões sofridas em 30 de agosto de 1988, quando policiais militares avançaram com cavalos, cães e bombas de efeito moral contra uma multidão de docentes, que se manifestava na Praça Nossa Senhora da Salete, em Curitiba. Na época, a categoria estava há duas semanas em greve e pedia melhores salários e condições de trabalho ao então governador Alvaro Dias, hoje senador pelo Estado do Paraná.
Conforme o presidente da APP-Sindicato em Cascavel, Paulino Pereira da Luz, este dia representa um marco muito triste na história da categoria. “Foi quando professores foram agredidos e muitos ainda sofrem com as consequências até hoje. Sem contar que somos contra qualquer tipo de violência”, relata Luz. Naquele dia, 10 mil manifestantes ficaram feridos e cinco foram presos.
De acordo com o NRE de Cascavel, entre os 94 colégios atendidos pelo núcleo em 18 cidades, apenas dois não tiveram aula, um em Santa Tereza do Oeste e outro em Santa Lúcia. Funcionaram parcialmente 66 colégios e outros 17 normalmente. Somente em Cascavel, 37 funcionaram parcialmente, cinco de forma integral e nenhum paralisou totalmente as atividades.
QUALIDADE
A professora de educação especial, Sirlei Groff, comenta que os protestos, que ocorreram tanto nos núcleos de Toledo e Foz do Iguaçu, levantam uma bandeira importante: a defesa da escola pública de qualidade. “É uma bandeira de todo cidadão brasileiro”, diz.
Legenda: Docentes foram apoiados por estudantes durante protesto em Cascavel
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Professores não descartam greve
Além de relembrar o 30 de agosto de 1988, os docentes se manifestaram também contra as agressões sofridas em 29 de abril de 2015, quando professores e policiais militares se enfrentaram no Centro Cívico de Curitiba. “Mais de 200 pessoas saíram do protesto e foram direto aos hospitais”, lembra Luz.
A paralisação, que ocorreu simultaneamente em todo o Paraná, cobrou também o pagamento da data-base de 2015, que segundo Luz, ainda não foi repassado à categoria. “Estamos há dois anos sem reposição, nosso salário hoje é 8,5% inferior ao do ano passado”, afirma.
Sem nenhuma perspectiva de negociação com o governo estadual, os professores não descartam greve. “O governo não conversa, faz vistas grossas a tudo que está acontecendo. Na medida em que haja ações como a terceirização ou privatização da educação, não descartamos uma greve”, garante o presidente.
Descontos
Sobre os descontos prometidos pelo governo do Paraná a quem não fosse trabalhar para aderir à paralisação, Luz considerada a atitude como lamentável. “Ser ameaçado antes da paralisação é tirar o direito à liberdade de expressão de todos os trabalhadores”, lamenta.