Familiares de presos que estão no Presídio de Segurança Máxima de Catanduvas fizeram na manhã de ontem um protesto em frente à unidade prisional.
Eles dizem ser contrários às alegações do presidente do Sindicato dos Agentes Federais de Execuções Penais em Catanduvas,, Carlos Augusto Machado, em entrevista ao O Paraná na quinta-feira. Para os familiares, ele generalizou ao dizer que todos os detentos são de alta periculosidade e líderes de facções criminosas. “Nossos maridos e filhos já estão presos e pagando pelo que cometeram, mas não mandaram matar ninguém de dentro do presídio. Nós, familiares, não podemos ser penalizados no lugar de nossos maridos nem pelo crime de outras pessoas”, desabafou a esposa de um dos presos.
Elas também pedem o retorno imediato das visitas intimas e sociais, cessadas há aproximadamente dois meses quando o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou que elas ocorressem apenas por parlatório. Tal decisão foi levada para os quatro presídios federais brasileiros – Mossoró, Campo Grande, Porto Velho e Catanduas, e foi motivada depois do assassinato da psicóloga que atuava em Catanduvas em maio passado. As investigações apontaram que este crime, a exemplo de outro agente morto em Cascavel que estava ministrando curso em Catanduas em setembro de 2016, teria sido ordenado de dentro de presídios federais, por líderes de facções criminosas, em recados replicados a membros da facções que estão em liberdade por familiares dos presos a partir as visitas intimas e sociais.
Desde então, as visitas ocorrem pelo parlatório sempre com o monitoramento de agentes penitenciários. Segundo o presidente do Sindicato, Carlos Augusto Machado, só assim se pode ter controle das informações que entram e que saem da unidade prisional. “Os presos que aqui estão são considerados pelos juízes federais de seus estados e de suas cidades líderes de facções criminosas (…) a lei de execuções penais garante as visitas, mas não diz de que forma elas devem ocorrer. A visita por parlatório é a mais segura para todos, para a sociedade e para os agentes”, afirmou ainda na quinta-feira.
Esposas, mães e filhos dos detentos empunhavam ontem cartazes com os seguintes dizeres: “me deixem abraçar meu papai” ou ainda “todos os filhos têm o direito de abraçar seus pais”, “estão criando animais?”. Uma mãe segurava ainda um cartaz onde dizia, “não podem me impedir de abraçar meu filho”.
Em tom de desabafo, elas afirmaram que os filhos são os “herdeiros da pena” e que as famílias estão sendo penalizadas e sofrendo com a falta de contato físico com os apenados. “Eles já estão presos e pagando pelo que cometeram. Se alguém lá de dentro mandou matar alguém aqui fora, nossos maridos e nós não temos culpa”, desabafa a esposa de um dos detentos.
Outro motivo pelo qual os agentes federais reforçam a necessidade de as visitas intimas e sociais não retornarem diz respeito a uma operação deflagrada nesta semana pela Polícia Federal onde se identificou que o crime organizado, agindo de dentro dos presídios, teria ordenado a morte de pelo menos dois agentes federais por mês. “E se as determinações partem de dentro dos presídios, elas saem das visitas intimas e sociais (…) o crime organizado tomou um víeis de terrorismo no Brasil e quem sofre são os agentes e toda a sociedade”, afirmou o presidente do Sindicato.
Há poucos dias o ministro da Justiça, Torquato Jardim, disse que seria “humanamente impossível que os detentos não tivessem as visitas intimas e sociais”. Elas deverão retornar até o início de agosto. Em Catanduvas alguns familiares já teriam conseguido liminares na Justiça para o retorno do contato físico entre familiares e presos.
Juliet Manfrin