RIO ? O Instituto de Proteção e Defesa do Consumidor do Maranhão (Procon/MA) emitiu, nesta terça-feira, nota de repúdio contra ação do Banco do Brasil que visa ao fechamento de 402 agências em todo o país, sendo 13 no Maranhão, além de 31 superintendências regionais, e transformação de 379 agências em postos de atendimento, caracterizado como um retrocesso para as relações de consumo. Para coibir essa prática, o órgão anunciou que irá ingressar com Ação Civil Pública, impedido que direitos fundamentais sejam violados.
Na contramão das fiscalizações semanais do Procon/MA, que multou, este ano, em mais de R$ 3 milhões somente o Banco do Brasil, o fechamento das agências demonstra descaso com os consumidores. Diariamente, o cliente que procura esse serviço enfrenta grandes filas para conseguir atendimento, além de enfrentar problemas como falta de dinheiro nos caixas eletrônicos e infraestrutura precária. Para o Procon/MA, tais fatores comprovam a urgência da expansão do serviço, maior qualidade de atendimento e contratação de novos funcionários para atender a demanda.
Segundo o presidente do Procon/MA e diretor dos Procons Nordeste, Duarte Júnior, o serviço bancário é essencial aos consumidores e deve ser garantido em qualquer circunstância.
?O Procon/MA se posiciona contra essa ação do Banco do Brasil, uma das instituições financeiras mais importantes do país, tendo em vista que esta prática fere o direito do consumidor e prejudica a economia do estado. Através da Ação Civil Pública buscamos, mais uma vez, combater a precariedade do serviço bancário impedido o fechamento das agências?.
Duarte Júnior destaca que a atitude do Banco do Brasil prejudica diretamente a economia do Maranhão, principalmente nos municípios do interior onde existem poucas agências bancárias e o uso do dinheiro em espécie ainda se sobrepõe ao uso de cartões de crédito e débito, e afeta, assim, muitos consumidores que precisariam, muitas vezes, se deslocar para municípios vizinhos.
Reestruturação nas operações do BB
Em fato relevante divulgado no fim de semana ao mercado, o Banco do Brasil anunciou um conjunto de medidas para uma reestruturação significativa em suas operações. No pacote, estão incluídos, além do fechamento de agências, um plano extraordinário de aposentadoria incentivada. Segundo o comunicado, 18 mil funcionários que já estariam em condições de se aposentar são o público-alvo do plano, que vai receber adesões até o dia 9 de dezembro. O banco já havia incentivado a demissão de 4.992. Atualmente, a instituição financeira tem um pouco mais de cem mil funcionários. Se todos aceitarem a proposta do banco, a redução no quadro será de cerca de 18%.
No mesmo comunicado, o banco avisou que a reestruturação também vai redimensionar a direção geral, as superintendências e os órgãos regionais. As medidas serão postas em prática a partir do ano que vem.
O banco afirma, no comunicado ao mercado, que os municípios não vão ficar desguarnecidos com o fechamento de agências. Diz que a decisão foi tomada ?de forma a adequar-se ao novo perfil e comportamento dos clientes, com o aproveitamento de sinergias, a otimização de estruturas e a ampliação de serviços digitais, sem comprometer a presença do BB nos municípios em que atua”.
O impacto do plano de demissão será anunciado após o período de adesão em dezembro, mas o fato relevante anuncia a economia com o fechamento das agências: ?É estimada em R$ 750 milhões, sendo R$ 450 milhões decorrentes da nova estrutura organizacional e R$ 300 milhões da redução de gastos com transporte de valores, segurança, locação e condomínios, manutenção de imóveis, entre outras?, diz o comunicado do BB.
Procurado, o banco ainda não se posicionou em relação a nota do Procon/MA.