Cotidiano

Prefeitura aconselha a não usar as fontes

Cascavel – Ao contrário do que aconteceu há quase 15 anos quando foi lançado o programa “Cascavel, Cidade das Águas” e houve um estímulo ao consumo do líquido cristalino que jorrava das quase 30 nascentes, agora a prefeitura decidiu não recomendar o uso das mais de 20 fontes que ainda existem na cidade.

A decisão foi anunciada na manhã de ontem durante a Escola de Governo Especial, convocada exclusivamente para debater a contaminação das fontes por bactérias. Na prática, desde março a prefeitura já não recomendava o consumo quando exames de análise microbiológica detectaram que a água era imprópria para o consumo.

A reunião de ontem foi convocada após o vereador Celso Dal Molin (PR) denunciar, com bases em laudos feitos durante os anos de 2015 e 2016, que havia contaminação nas fontes e que a prefeitura nada fez a respeito. Os exames eram feitos pelo laboratório BrasÁgua, que mantinha contrato com a prefeitura, porém, a Secretaria do Meio Ambiente nunca divulgou os resultados.

O empresário Renato Notari, dono do laboratório, confirmou que havia contaminação, mas enfatizou que não cabia a ele divulgar o resultado. "O Poder Público foi informado. Em situações particulares analisamos a água e, em caso de contaminação, alertamos a Vigilância Sanitária”, relatou. “Nós não divulgamos o resultado ao público porque quem tem que tomar providências é o cliente, nesse caso, o nosso cliente era a prefeitura.”

O secretário de Meio Ambiente, Juarez Berté, disse que é preciso informar a população corretamente, pois se trata de uma questão de saúde pública. "A água tem uma simbologia de vida muito forte e a população tem uma crença muito grande na potabilidade das fontes”, avalia.

A prefeitura continuará o trabalho de proteção às nascentes, mas sem estimular o consumo da água.

Durante a escola de governo, o vice-prefeito Jorge Lange disse que ano passado as UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) atenderam 15 mil pessoas com diarreia e nos primeiro semestre deste ano já foram 6 mil casos. “Não sabemos se estão relacionados ao uso da água das fontes, mas nos fazem pensar nisso”, declarou.