Cotidiano

Pós-greve: confiança chega ao menor nível em 8 meses

São Paulo – Depois de oito meses seguidos acima dos 50 pontos, o Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário medido pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) marcou 46,4 pontos em junho. Na comparação com o mês anterior, houve uma queda expressiva de 14,2%. Com isso, o aumento do otimismo observado ao longo do último ano reverte-se em cautela por parte das empresas de menor porte.

“O resultado de junho reflete a paralisação dos caminhoneiros, que aconteceu no fim de maio e por quase duas semanas provocou o desabastecimento do varejo, além de afetar o funcionamento dos estabelecimentos comerciais pela falta de produtos, como combustíveis, e da dificuldade de deslocamento dos clientes. Esse impacto sobre a rotina das cidades reforçou a percepção negativa de empresários e consumidores sobre o desempenho da economia e da dependência do transporte rodoviário no desenvolvimento do país”, explica o presidente da CNDL, José Cesar da Costa.

O indicador é baseado nas avaliações dos micros e dos pequenos empresários sobre as condições gerais da economia brasileira e também sobre o ambiente de negócios, além das expectativas para os próximos seis meses tanto para a economia quanto para suas empresas. Resultados acima de 50 pontos mostram que o otimismo prevalece, ao passo que resultados abaixo desse patamar indicam uma visão pessimista.

O Indicador de Condições Gerais registrou 33,4 pontos em junho, abaixo do observado em maio, que estava em 42,5 pontos. O resultado evidencia que a maioria dos entrevistados notou algum tipo de piora ao observar conjuntamente o desempenho da economia e dos negócios nos últimos seis meses.

Em termos percentuais, 66% dos micros e dos pequenos empresários avaliaram que a economia piorou nos seis últimos meses – em maio, esse índice era menor (46%). Apenas 11% notou uma sensível melhora. Essa mesma percepção negativa também se repete quanto à avaliação do próprio negócio, que aumentou na comparação com maio, passando de 36% no mês passado para 48% em junho. Entre os que sinalizaram um quadro de piora em sua empresa, 78% acreditam que a redução das vendas está associada à crise, 38% citam o aumento dos preços dos insumos e matérias primas, enquanto 12% mencionaram a inadimplência.

Por outro lado, 17% viram os negócios terem resultados positivos. Os principais fatores destacados para essa performance são o aumento das vendas (50%), melhorias na gestão da empresa (44%), mudança do mix de produtos e serviços oferecidos (21%) e redução dos custos (13%).

Vendas

De acordo com o levantamento, 31% dos micros e dos pequenos empresários ouvidos disseram que o desempenho das vendas em maio não foi o esperado, enquanto 38% avaliaram como regular e para outros 31% o resultado foi bom. Quando questionados sobre a expectativa de faturamento para seu negócio nos próximos seis meses, 39% acreditam que haverá um aumento no volume de vendas. Já 46% esperam um cenário estável e 8% acham que terão queda na receita.

Entre os que estão otimistas, a maior parte (43%) afirma que vem buscando novas estratégias de vendas, 30% apostam que tudo dará certo, 26% destacam que vão investir na melhoria de gestão e 24% mencionam que pretendem diversificar seu portfólio de produtos. Ainda de acordo com a sondagem, 45% dizem ter conseguido realizar algum tipo de melhoria no negócio, enquanto por outro lado 55% não conseguiram. As principais melhorias destacadas são: reforma da empresa (47%), compra de equipamentos e maquinário (36%), qualificação da mão de obra (17%) e ampliação do estoque (17%).

Produção industrial cai 10,9% em maio

A produção industrial caiu 10,9% em maio ante abril, na série com ajuste sazonal, divulgou nessa quarta-feira o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A queda foi o segundo pior desempenho em toda a série histórica da Pesquisa Industrial Mensal. O recuo foi o mais acentuado desde dezembro de 2008, quando tinha registrado uma perda de 11,2%.

Com a queda, a indústria ficou em patamares próximos aos registrados no fim de 2003. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, a queda de 6,6% em maio foi a mais aguda desde outubro de 2016, quando a indústria encolheu 7,3%, além de ter interrompido uma sequência de 12 meses seguidos de taxas positivas. No ano, a indústria teve alta de 2% e em 12 meses, a produção da indústria acumulou avanço de 3%.

O gerente da pesquisa, André Macedo, explicou que a principal causa para esse resultado foi a paralisação dos caminhoneiros durante o mês de maio. “A greve desarticulou o processo de produção em si, seja pelo abastecimento de matéria prima, seja pela questão da logística na distribuição. A entrada do mês de maio caracterizou uma redução importante no ritmo de produção”, disse.