Cotidiano

Polícia Federal faz parceria com a Justiça para captar R$ 20 mi à nova estrutura

Polícia Federal faz parceria com a Justiça para captar R$ 20 mi à nova estrutura

Cascavel – Com o processo de implantação adaptado para acompanhar a inauguração do presídio federal de segurança máxima de Catanduvas, a Delegacia da Polícia Federal de Cascavel completa neste sábado (23) 12 anos de criação.

Em uma das regiões mais críticas quanto à linha de trânsito e de transporte do tráfico de drogas, de armas, de munições e do contrabando vindos do Paraguai e que alimentam importantes facções criminosas por todo o Brasil, a delegacia registra um histórico de cerca de cem operações e de aproximadamente mil prisões, mas a estrutura segue sem muitos avanços no que tange à incorporação de novos agentes e de espaço físico.

Desde que foi fundada, a sede é a mesma, em um imóvel alugado na Rua Paraná, no Centro, apesar de o discurso desde a implantação estar voltado para ter uma sede própria. Na época, inclusive, o terreno chegou a ser anunciado como doação à entidade pelo prefeito Lísias Thomé, mas a área acabou devolvida porque a edificação não saiu.

Por outro lado, as limitações estruturais estão próximas de chegar ao fim. Em agosto do ano passado o prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos, doou um terreno ao lado do terminal rodoviário. O desafio está focado agora em levantar recursos para a construção da estrutura.

O projeto, segundo o delegado-chefe Marco Smith, já está pronto e as tratativas burocráticas para liberação dos recursos começaram. A previsão inicial é de que a obra não contará com verbas vindas dos caixas da União, do Estado ou do Município. A parceria é com o Poder Judiciário, de quem se espera vir os R$ 20 milhões para a construção da nova delegacia que terá 10 mil metros quadrados. “São recursos que estão em contas judiciais, bloqueados a partir de processos como tráfico, contrabando”, explicou.

Contra o tempo

O início da obra deve ocorrer, impreterivelmente, até agosto do ano que vem, já que o prazo limite para que o terreno não volte ao Município é de início dos trabalhos em dois anos.

Esse é um dos desafios a serem vencidos, mas outro está muito longe de ser concretizado. Por questões de segurança e de estratégia de atuação, não é informado o efetivo da delegacia de Cascavel, mas o delegado garante que, para fazer um trabalho com mais afinco, como pede a necessidade regional, seria preciso triplicar o efetivo.

Há a expectativa de que novos agentes sejam incorporados com o concurso que acaba de ter suas inscrições abertas, mas vale destacar que para todo o Brasil o governo deverá contratar 500 profissionais e o déficit só na fronteira do Brasil com o Paraguai é de 2 mil policiais, considerando apenas essa corporação. Além disso, o processo é lento e burocrático e levará pelo menos mais um ano para o seu desenrolar, desde a aplicação e a correção das provas, testes físicos, investigação social, incorporação e treinamento.

Dimensão

A defasagem de pessoal e a limitação da estrutura física são potencializadas se considerada a área de abrangência da Delegacia da Polícia Federal de Cascavel. A cobertura é de 66 municípios, o que representa quase 1,2 milhão de habitantes, enquanto a delegacia de Foz do Iguaçu tem abrangência de 12 municípios e menos de 450 mil habitantes e a de Guaíra, em 31 municípios, atende a cerca de 440 mil habitantes. “Aí podem me perguntar por que precisamos de uma estrutura de 10 mil metros quadrados para a nova delegacia em Cascavel e eu respondo que precisamos pensar nela para daqui dez anos, na nossa demanda em uma década”, afirmou.

Parte da nova estrutura será blindada e a novidade que se espera é um núcleo de perícia, o que não existe hoje em Cascavel.

Smith espera que ao menos parte dos recursos em tratativa seja liberada ainda neste ano. “Como não são verbas públicas, não existem limitações de repasse por conta das eleições, por exemplo”, completa.

Com os recursos em caixa, a expectativa é de que a nova sede seja construída em dois anos.