Curitiba – O deputado estadual Maurício Requião (PMDB) apresentou ontem requerimento na Assembleia Legislativa do Paraná propondo a criação de da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) Carne Fraca, para investigar fatos que envolvem a operação que apura um suposto esquema de pagamento de propina e fraude na fiscalização de frigoríficos a partir da superintendência estadual do Ministério da Agricultura.
A proposta pode ser uma estratégia de Maurício para blindar o pai, o senador Roberto Requião. Isso porque o bloco PSD-PSC, liderado pelo deputado estadual e pré-candidato ao governo do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), havia ameaçado propor a criação da CPI para atingir o PMDB de Requião.
Acontece que Requião ensaia uma nova candidatura ao governo do Paraná e tem atacado sistematicamente Ratinho Jr e seu grupo por não assinar os pedidos da bancada de oposição ao Governo Beto Richa (PSDB) na Assembleia para a criação das CPIs Quadro Negro e Publicano, cujas investigações envolvem o próprio governador.
Irritados com as cobranças, parlamentares do bloco de Ratinho Jr cogitaram propor a CPI da Carne Fraca, que envolveria deputados do PMDB. O próprio líder da bancada do PSD, deputado Hussein Bakri, admitiu que a ideia seria uma retaliação aos ataques de Requião: “Pessoalmente não vejo grande repercussão de uma CPI. Mas nesse caso aqui agora, não posso deixar de dizer que ‘quem com ferro fere, com ferro será ferido’”.
Diante da confusão, Requião Filho reagiu anunciando a proposta da CPI da Carne Fraca e desafiando os deputados a apoiarem também as comissões para investigar os casos das Operações Quadro Negro e Publicano. “Deixa eu economizar trabalho para vocês. Está aqui o requerimento e a primeira assinatura é minha. Truco. Seis. O PMDB não tem o que esconder. O PMDB, o senador Requião, a nossa bancada, não tem medo nenhum disso aqui”, garantiu o filho do senador.
“Junto com esse requerimento está o pedido da CPI da Quadro Negro, e da Publicano. Coerência senhores. Assinem as três. Não trabalhamos com ameaças. Vamos ver se muda o discurso. Porque de repente CPI deixa de ser palanque eleitoral e passa a ser o trabalho de fiscalização de uma Casa Legislativa séria”, cobrou.
CPIs em andamento
Atualmente existem quatro CPIs em andamento na Assembleia (Animais, Porto de Paranaguá, Indústria do Atestado Médico e Questões Fundiárias) e outras três à espera de instalação (Contrabandos, Ensino Superior, Violência e Vandalismo). Pelo regimento interno, só podem funcionar cinco comissões ao mesmo tempo.
Para propor a criação de uma CPI, são necessárias as assinaturas de 18 dos 54 deputados. O bloco PSD-PSC é o maior da Assembleia, com 14 deputados.
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