Cotidiano

Planalto e PMDB tentam manter distância da prisão de Cabral

BRASÍLIA – No Palácio do Planalto e na cúpula do PMDB, a avaliação é que a prisão de Sérgio Cabral não respinga diretamente no presidente Michel Temer, nem nos principais caciques do partido. Num discurso preventivo, peemedebistas dizem que Cabral sempre foi muito mais ligado ao ex-presidente Lula, do que à cúpula do seu partido. A definição atribuída por integrantes da cúpula a Cabral é de “outsider”, mesmo termo usado para se referirem ao deputado cassado Eduardo Cunha. Eles afirmam que o esquema de Cabral era muito restrito ao Rio e que prosperou de forma visível durante o período em que governou o Estado em dobradinha com Lula.

? A prisão é lamentável. Mas o fato é que Cabral se afastou muito da cúpula do partido em Brasília nos últimos anos ? disse um peemedebista.

O início do distanciamento de Cabral com o comando do PMDB ocorreu a partir de 2007, quando deixou o Senado para assumir o primeiro mandato no governo do Rio. Ao mesmo tempo que se afastou dos peemedebistas de Brasília, se aproximou de Lula, lembram integrantes da legenda. Entre várias parcerias com o então presidente da República, peemedebistas recordam da vitória do Rio para ser sede dos Jogos Olímpicos, em 2009, quando comemoraram juntos e passaram a intensificar as dobradinhas para realização de obras.

De qualquer forma, há o reconhecimento de que a prisão afeta simbolicamente o partido como um todo, porque reforça a ideia de que muitos políticos do partido estão envolvidos em esquemas de corrupção. Publicamente, dois dos principais caciques do PMDB no Senado evitaram condenar Cabral. Enquanto o presidente do Senado, Renan Calheiros, se esquivou de tratar do tema, o senador Romero Jucá, que é presidente nacional do PMDB e líder do governo no Congresso, defendeu que o colega de partido tenha amplo direito de defesa.

? É sempre ruim ter nomes do PMDB citados nos escândalos da Lava-Jato, é claro que acaba afetando a imagem do partido, mas não deve respingar diretamente no governo porque o esquema de Cabral era restrito ao seu grupo do Rio ? disse um peemedebista da cúpula.