PARIS E LONDRES – O grupo francês PSA vai anunciar um acordo para adquirir a Opel da General Motors nesta segunda-feira, após fechar a negociação com a fabricante automotiva americana e conseguir o aval do Conselho de Administração da companhia para a operação.
A fabricante de veículos das marcas Peugeot, Cietroën e DS informou neste sábado que vai realizar uma coletiva de imprensa em parceira com a GM na manhã de segunda-feira, quando a transação deve ser anunciada depois que a agência Reuters publicou que as duas companhias tinham chegado a um acordo.
Ao comprar a Opel, o grupo francês vai ultrapassar a rival Renault, subindo ao posto de segundo maior fabricante automotivo da Europa em participação de mercado, depois da Volkswagen. PSA e GM Europa registraram receita de ? 71,6 bilhões com uma produção de 4,3 milhões de veículos em 2016.
A fusão foi aprovada na sexta-feira pelo Conselho da PSA, do qual participam o governo francês, a família Peugeot e a montadora chinesa Dongfeng, informou uma fonte próxima às negociações.
Procuradas, a PSA e a Opel não comentaram.
As duas companhias, que já tem produção compartilhada devido a uma aliança europeia, confirmaram último mês que estavam negociando a aquisição da Opel e de sua marca britânica Vauxhall pela PSA, empresa com sede em Paris, gerando preocupações quanto a possíveis cortes de empregos.
No convite divulgado conjuntamente pelas duas empresas para a coletiva de imprensa, marcada para a manhã desta segunda-feira em Paris, PSA e GM não informaram qual seria o assunto tratado. Encontros com a imprensa alemã e com sindicatos ligados à Opel devem ser realizados na mesma data.
ATENÇÃO COM MERCADO CHINÊS
Fontes próximas às negociações afirmaram que houve progresso na transação na quinta-feira, depois que as companhias acertaram dissonâncias a respeito de um déficit previdenciário de quase US$ 10 bilhões da Opel e outras pontos. O branço europeu da GM anunciou seu 16º ano consecutivo com prejuízo.
As negociações enfrentaram problemas também devido a exigências da GM de que a Opel já adquirida pela PSA ficasse impedida de concorrer com suas linhas da Chevrolet em mercados como a China, disseram as fontes.
As questões de ?não-concorrência? foram resolvidas depois que a GM concordou em aportar ?substancialmente? mais nos fundos de pensão do que US$ 1 bilhão a US$ 2 bilhões inicialmente oferecidos, contou uma outra fonte. Com sede em Detroit, nos EUA, a GM, que ficou muito perto de vender a Opel para a Magna em 2009, enfrentou pressão de investidores para passar adiante sua divisão europeia em dificuldades e focar no aumento da rentabilidade, ao invés de perseguir a coroa de maior vendedor global nas mãos da VW.
Depois de recusar propostas de fusão feitas pela Fiat Chrysler em 2015 com apoio de seu conselho, a presidente da GM, Mary Barra, concordou com uma meta de ao menos 20% de retorno sobre o capital investido e em aumentar o pagamento aos acionistas.
Para a PSA, a compra da Opel vai coroar um meteórico processo de dois anos de recuperação baseada em corte de custos sob o comando do presidente Carlos Tavares. No último dia 23, ele declarou que faria o mesmo com a Opel caso o acordo fosse fechado. A PSA evitou a falência vendendo uma fatia de 14% de suas ações para a França e a Dongfeng em 2014, para empatar com a holding diluída da família Peugeot.
A aquisição ofereceu a ?oportunidade de criar um carro europeu campeão? e rapidamente ultrapassou a marca de 5 milhões de veículos vendidos por ano, disse Tavares a analistas quando apresentou os resultados anuais da companhia. A PSA também espera economizar perto de US$ 2,1 bilhões, ou ? 2 bilhões, com a fusão, de acordo com fontes.
Tavares disse ao Conselho que a PSA iria reconfigurar a linha de produção da Opel utilizando tecnologias próprias para alcançar economias com rapidez, contaram pessoas próximas à operação.