BRASÍLIA ? O presidente Michel Temer fez questão de ligar para alguns líderes partidários e informar sobre a escolha do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) para suceder José Serra (PSDB-SP) no Ministério das Relações Exteriores. A decisão foi elogiada por aliados de Temer, mas vista com descrédito por integrantes da oposição. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que travou discussões com Aloysio no plenário do Senado, disse que o tucano tem um temperamento forte e que é ?mais do confronto e não da diplomacia?.
No plenário, muitas vezes Aloysio perdeu a paciência com intervenções de petistas, embora no trato tenha uma boa relação com todos.
? Com o Aloysio, será um Itamaraty mais de confronto e menos de diplomacia. A política externa do governo Temer é um desastre. Fragilizaram a integração latino-americana. Infelizmente, o senador Aloysio, com quem me dou bem, vai continuar uma uma política externa priorizando uma luta ideológica que divide a América Latina. Teremos um Itamaraty menos pragmático, menos interessado em vantagens comerciais e mas envolvido em debates sobre diferenças ideológicas com nossos vizinhos ? disse Lindbergh. ? Aloysio significa um Itamaraty menos pragmático e mais ideológico, no sentido conservador. A integração implode. É a continuação da mesma coisa do Serra.
Na mesma linha, a vice-líder do PT na Câmara, deputada Maria do Rosário (RS), afirmou que o problema é a falta de política externa do governo Temer.
? Tanto faz ser Serra ou Aloysio. O problema é da política externa. O governo Temer é desacreditado no mundo ? disse a petista.
Já o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), elogiou a escolha. Temer telefonou para Renan para comunicar a mudança.
? Foi uma solução natural. Aloysio era líder do governo no Senado, senador competente e que já tinha conduzido a Comissão de Relações Exteriores ? disse Renan.