RIO ? Com base em imagens captadas pelo Kepler, pesquisadores foram capazes de, pela primeira vez, reconstruir um sistema climático de um exoplaneta. E os resultados surpreenderam. O gigante gasoso HAT-P-7b, cerca de 16 vezes maior que a Terra, localizado a mais de mil anos luz de distância, é afetado por ?tempestades catastróficas?, com nuvens formadas por corindo, o mineral que forma rubis e safiras.
A descoberta foi realizada pelo monitoramento da luz refletida pela atmosfera do HAT-P-7b ao longo de quatro anos. Os cientistas, liderados por David Armstrong, da Universidade de Warwick, no Reino Unido, identificaram mudanças na luz, que mostram que o ponto mais brilhante do planeta muda de posição. Essa mudança é provocada por jatos equatoriais, com ventos de velocidade variável. Os mais fortes empurram grandes quantidades de nuvens ao redor do planeta.
? Os resultados mostram que ventos fortes circulam o planeta, transportando nuvens do lado noturno para o lado diurno ? disse Armstrong. ? Os ventos mudam de velocidade dramaticamente, levando a formação de enormes nuvens, que se dissipam em seguida. Esta é a primeira detecção de clima em um gigante gasoso fora do sistema solar.
Em parte pelo violento sistema climático, o HAT-P-7b nunca poderá ser habitado. Além disso, as temperaturas são insuportáveis para a vida como conhecemos. Uma face do planeta estão sempre virada para a estrela, como a Lua em relação à Terra. Neste lado sempre iluminado as temperaturas chegam a incríveis 2,6 mil graus Celsius. O estudo foi publicado no periódico ?Nature Astronomy? nesta semana.
? HAT-P-7b tem a rotação sincronizada, com a mesma face sempre voltada para sua estrela ? disse Armstrong. ? Nós esperávamos que nuvens se formassem no frio lado noturno do planeta, mas elas evaporariam rapidamente no lado diurno.
Avistado pela primeira vez em 2008, o HAT-P-7b é um exoplaneta 40% maior que Júpiter, e com 500 vezes mais massa que a Terra. O planeta orbita uma estrela que é duas vezes maior e com 50% mais massa que o nosso Sol.