O desejo de ter um parto mais humanizado e dar à luz ao bebê em casa, assim como ocorria com gerações anteriores, tem aumentado consideravelmente e o projeto que recebe o nome Equipe Manjedoura, em Cascavel, comprova essa realidade.
Criado há pouco mais de cinco anos, o grupo de profissionais da equipe já assistiu a mais de 300 partos. “No último ano atendemos 74 partos e 61% foram domiciliares”, afirma a enfermeira obstetra, Priscilla Tives.
Ela ressalta que as mulheres buscam cada vez mais informações durante a gravidez e sobre o melhor meio de trazer o filho ao mundo e que nesse processo conhecem o trabalho que é feito pelo grupo. “Por isso nossa demanda tem aumentado no passar dos anos”, complementa.
Os esclarecimentos quando o assunto é o parto, vão desde a cesárea eletiva até o parto domiciliar e, conforme a enfermeira, cabe às mães ou ao casal buscar conhecer cada vez mais o procedimento escolhido para receber a criança.
“As mulheres que têm resistência ao parto domiciliar não precisam ser convencidas de que ele é o melhor; elas sabem e descobrem o que é o melhor para si e para seu bebê a partir de suas pesquisas e instinto também”, argumenta Priscilla.
Escolha
Dar à luz ao bebê em casa, não é somente uma questão de escolha. Alguns critérios são fundamentais para minimizar riscos, não somente em relação ao ambiente, mas do processo como um todo.
“É fundamental que o pré-natal esteja redondinho, sem doenças agregadas, sem alterações que não sejam fisiológicas do processo gestacional em si. Assim sendo, a gestante não pode ter anemia, problemas de coagulação, não pode fazer uso de medicação controlada, ser hipertensa ou diabética”, orienta a enfermeira.
Ela também destaca algumas recomendações em relação ao bebê. “Ele deve estar cefálico – com a cabecinha pra baixo – e existem vários outros critérios que são avaliados para elegibilidade de uma gestante para o parto domiciliar”.
Plano de parto
Conforme a enfermeira, dentro dessa premissa de segurança, é fundamental que haja também o chamado plano de parto, no qual a equipe e o casal estão alinhados quanto às condutas a serem tomadas frente a qualquer situação prevista. “Isso inclui também a decisão para qual hospital iremos ante a necessidade de uma possível transferência. O ideal é que, de antemão, a equipe hospitalar – médico obstetra e pediátrico – já estejam ciente e preparados”, esclarece Priscilla.
Encontro
A Equipe Manjedoura foi convidada a participar da reunião do Gesta Cascavel na última quinta-feira (18). O grupo promove encontros gratuitos e aborda os mais diversos temas, desde gestão até o período após o nascimento da criança.
No encontro desta semana, a Equipe Manjedoura falará sobre a assistência que presta, tendo como fundamentação a medicina baseada em evidências, nas últimas publicações científicas em nível mundial.
A Equipe Manjedoura é formada por três Enfermeiras obstetras, legalmente respaldadas para atender o parto em domicílio.
Relato de amor
Aline Worm é doula e o nascimento da filha Heloísa foi o primeiro parto humanizado no Hospital Gêneses em Cascavel. A chegada da segunda filha, Aurora, foi pelo parto domiciliar planejado e o momento emocionante foi compartilhado por ela, que recebeu assistência da Equipe Manjedoura, pelas redes sociais.
"Eu estava tremendo… Medo. Frio. Cansaço. Amor. Ali ela nasceu. Pari ela em pé. Segurei logo que saiu. Senti a circular de cordão que ela tinha. Senti seu corpo quente, recém saído de dentro das minhas entranhas. Aurora, bela como o raiar do dia. Ao raiar do dia 13.01, nossa vida teve um novo significado”, conta Aline.
Após a bolsa ter estourado, se passaram 23 horas ela Aline dar à luz à Aurora, que nasceu no dia 13 de janeiro deste ano. “Eram 5h55 da madrugada. Ela veio pesando 3 quilos e 115 gramas e medindo 47 cm. Com ela, chegou todo amor do mundo. Novamente, renasci. Aliás, agora renascemos como família”, diz Aline que recebeu todo o apoio do esposo Thiago.
Surpresa com a espera
Em tempos que a ansiedade toma conta das pessoas e o desejo de ter informações o quanto antes é cada vez mais comum e muitas vezes nos sufoca, surge para contrapor esse pensamento a história de Vanessa Verdi, moradora de Francisco Beltrão, mãe de três filhos. A mais nova é a Melissa, hoje com um ano e três meses. Vanessa que é professora de Yoga, doula e coach em aleitamento materno, no entanto, só descobriu que seria mãe de uma menina no momento do parto.
Enxoval
A preparação do enxoval, embora a mãe ainda não soubesse o sexo do filho que viria, ocorreu sem nenhuma preocupação. Quando a gente espera pelo terceiro filho, acaba não se preocupando tanto quanto no primeiro. “Pensava assim: se for menina acabo usando azul sem problemas, algumas coisas unissex e também compraria outras coisas depois do nascimento, e se fosse menino já teria todo o enxoval”, diz a mãe. No chá de bebê ela sugeriu como presente fraldas de pano, mas ainda assim recebeu outros presentes dos convidados. “Ganhei bastante roupinhas amarelas, brancas e de outras cores”.