BRASÍLIA ? Parlamentares, ministros e outros políticos citados na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, adotaram um discurso oficial cauteloso ao serem questionados sobre os pedidos de abertura de inquérito. Alguns disseram-se à disposição para esclarecimentos, outros declararam que só se manifestarão após acesso ao teor das delações e houve quem não foi encontrado ou não retornou.
O ministro Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência, informou que não vai se pronunciar. O ministro Eliseu Padilha, da Casa Civil, também optou pelo silêncio até que as informações se tornem oficiais. Ele há havia se recusado a comentar o assunto nesta semana após retornar de uma licença médica.
Em nota, o ministro Aloysio Nunes Ferreira informou que ?não vai se pronunciar sobre suposta menção a seu nome até ter conhecimento do teor do documento?. Ele explicou que já pediu, por meio do advogado, o acesso ao conteúdo da delação da Odebrecht naquilo que poderia dizer respeito a ele.
O ministro das Cidades, Bruno Araújo, afirmou em nota que manteve ?uma relação institucional? com a Odebrecht e outras empresas para as quais solicitou doações de campanha.? E destacou que ?o sistema democrático vigente estabelecia a participação de instituições privadas por meio de doações?
Em nota como senador, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), afirmou que ?apoia todas as investigações da operação Lava Jato e está à disposição para prestar as informações necessárias?. Segundo o comunicado, ?o senador está tranquilo e acredita que tudo será esclarecido?. Numa segunda nota oficial, como presidente do PMDB, Jucá informou que a sigla apoia as investigações e ?reafirma a necessidade de se esclarecer a verdade dos fatos?.
O ministro de Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, não se pronunciou.
Em nota como presidente do Senado, embora seja alvo de um inquérito, Eunício Oliveira (PMDB-CE) afirmou que a Casa ?recebe com absoluta serenidade e confiança na Justiça o envio ao Supremo Tribunal Federal dos pedidos de investigação relacionados a alguns de seus integrantes?. Ainda no comunicado, disse que ?pedidos de investigação não convertem investigados em réus e nem são sentenças proferidas. Há que se obedecer e respeitar o amplo direito de defesa, uma das mais sólidas pedras basilares do Estado Democrático. O Judiciário terá instrumentos de apuração, maturidade e firmeza para distinguir mentiras ou versões alternativas e a verdade dos fatos”.
Após ser procurado sobre o pedido de inquérito contra o senador Aécio Neves (MG), o PSDB divulgou nota em que afirma que a sigla ?sempre defendeu a realização de investigações, pois considera que esse é o melhor caminho para esclarecer eventuais acusações e diferenciar os inocentes dos verdadeiros culpados”.
O senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia do governo Dilma Rousseff, não se manifestou. O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, que defende Lobão, disse que o cliente ?só vai se pronunciar quando tiver conhecimento do conteúdo do inquérito”.
O ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a sua assessoria não foram encontrados para comentar a presença do nome dele na lista enviada ao Supremo. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), divulgou que por enquanto não irá se pronunciar. Mesma posição adotada pelo senador José Serra (PSDB-SP), que afirmou que só comentará ?quando estiverem oficialmente divulgados os nomes?.
A ex-presidente Dilma Rousseff não retornou ao contato até o fechamento dea edição.
A defesa de Lula informou que não se manifestaria sobre a informação de que o nome do ex-presidente consta da lista porque “não comenta boatos”. José Roberto Batochio, advogado dos ex-ministros Guido Mantega e Antonio Palocci, não foi localizado.