BRASÍLIA – Um parecer preliminar da Justiça Eleitoral de Minas Gerais concluiu pela rejeição das contas do prefeito eleito de Belo Horizonte, do Alexandre Kalil (PHS). O documento concluiu ainda que a compra alegada de um apartamento de Kalil por seus três filhos, no valor de R$ 2,2 milhões, não existiu. O então candidato, no final da campanha, doou esse montante do seu próprio bolso para sua campanha e deu essa justificativa na época. Ele afirmou ter vendido 37,5% do imóvel O parecer, de uma analista judiciária, será enviado ao Ministério Público Eleitoral e depois ao juiz, que tomará a decisão. Essa é apenas a primeira instância.
O imóvel fica no bairro Lourdes, região nobre da cidade. Na campanha, Kalil apresentou uma cópia do instrumento particular de promessa de compra e venda, informando que os três compradores seriam um médico, um advogado e um empresário, ocupações de seus três filhos, mas não informou os nomes. Agora se sabe que, de fato, os supostos compradores foram Felipe Kalil, João Luís Kalil e Lucas Kalil. O negócio com os filhos gerou mais suspeita na análise da Justiça Eleitoral.
A analista judiciária Carina Bortolini, que assina o parecer, diz que não foi apresentada qualquer documentação que evidencie o efetivo pagamento do imóvel pelos citados compradores. Não foi entregue nenhum demonstrativo de transferência bancária ou qualquer outra documentação que pudesse comprovar a movimentação financeira que gerou a compra.
“Não restou comprovada a transação financeira alegada pelo candidato Alexandre Kalil, e a documentação entregue se apresenta frágil tanto no sentido formal como material, ou seja, não demonstra a efetivação da venda do imóvel. Causa também estranheza o fato da suposta venda ter como compradores os próprios filhos do candidato. É necessário ainda averiguar, caso venha a ser comprovada a transação, se não se tratou de doação por via indireta, burlando o limite de 10% dos rendimentos brutos auferidos por pessoa física” , conclui o parecer da analista judiciária Carina Bortolini.
O parecer também encontrou irregularidades na prestação do vice-prefeito eleito, Paulo Lamac (Rede). Ele justificou uma doação que fez para campanha com um empréstimo junto ao Instituto de Previdência do Legislativo de Minas no valor de R$ 246,5 mil. Lamac é deputado estadual. Mas o Banco Central não autoriza que esse instituto atue como uma instituição financeira.
O GLOBO procurou a assessoria de Alexandre Kalil, mas ainda não obteve retorno.