Uma parceria que oferece apoio e não deixa o outro desanimar na busca pelo objetivo de parar de fumar. Especialistas explicam que essa é a atitude mais produtiva, se você quer ver alguém querido abandonando o cigarro de uma vez por todas.
Da mesma forma, esse parceiro de jornada ajuda muito quando fica disponível para participar de atividades que auxiliem o fumante a lidar com as crises de abstinência. Porque o processo ficará menos difícil se ele tiver uma companhia para uma atividade relaxante, como uma caminhada ou um passeio no parque, por exemplo. Veja outras maneiras de ajudar no fim desse texto.
Antes de tudo, o vício do cigarro precisa se tornar conscientemente um problema na vida da pessoa. A partir desse pontapé inicial (e interno do fumante) é necessário manter uma escuta sensível e sem julgamentos. Por meio de um ouvido amigo, a pessoa vai se sentir à vontade para falar e então se perceber. Além disso, é necessário ter paciência, como ressalta o psicanalista Rafael Costa:
– Entre começar os questionamentos e parar de fumar há todo um processo. O cigarro funciona como válvula de escape para várias coisas e isso é particular de cada um. Pode ser um vício para pessoas ansiosas, que não gostam de esperar, que não têm paciência. Pode ser um hábito adquirido após uma perda. São muitas motivações para se fumar aquele cigarro. Isso vai sendo trabalhado caso a caso e cada um terá seu tempo para se libertar, explica Rafael, reforçando a ideia de não forçar a barra com quem deseja uma vida sem tabagismo.
Quando acontece de a pessoa parar de fumar por conta de uma pressão externa, seja do (a) companheiro (a), dos filhos, ou mesmo de amigos que já pararam, a mudança não costuma ser duradoura, segundo Rafael. Muitas vezes o uso inclusive continua, só que de forma escondida.
Além disso, é preciso considerar que o cigarro, como qualquer outra substância química, desperta na pessoa uma relação de necessidade, de dependência. Sendo assim, a questão do vício só vai realmente provocar uma transformação quando passar a incomodar o próprio fumante.
– Esse é um processo interno de reconhecimento de ajuda. Não adianta os amigos e familiares ficarem a todo o momento tocando no assunto. Isso acaba operando de maneira contrária, causando resistência e ainda mais dificuldade para a pessoa reconhecer que ela tem, sim, um problema. E assim, a pressão externa se torna ineficaz ? avalia a psicanalista Flavia Borges Mendonça.
Fumar se torna um incômodo quando o usuário percebe que o vício está atrapalhando sua vida de alguma forma, seja na saúde, no convívio social ou em sua livre expressão, que é quando a pessoa não se sente mais dona de si e se percebe dominada pela substância.
A partir desse ponto, ela começa a sentir que está pronta para mudar o que a incomoda. E é exatamente nesse momento que o parceiro apoiador faz a diferença. Ao ver que um familiar, parceiro (a), amigo (a) ou colega tomou essa decisão de se ver livre do tabagismo, ele deve oferecer palavras de incentivo, mostrando que ao final do processo os ganhos no bem-estar e na qualidade de vida dessa pessoa serão muitos.
Quando as costumeiras fissuras por fumar reaparecerem, o fumante precisa voltar sua atenção para uma atividade que o relaxe. Veja a seguir algumas opções do que fazer, junto com algum apoiador, nessa nova jornada:
– Programe idas frequentes a parques, praças e outros ambientes que afastam o estresse;
– Encontre um esporte que vocês possam fazer juntos, mas evite exigir demais do (a) parceiro (a) logo no começo;
– Hobbies praticados em dupla ajudam a abstrair o vício. Artesanato, pintura, marcenaria, jardinagem, dança ou qualquer atividade prazerosa;
– Cozinhar é outra prática divertida para se fazer em dupla, ainda mais se considerarmos que o paladar melhora quando se para de fumar;
– Que tal aprender a tocar um instrumento musical? Vocês podem até formar uma dupla. Nunca se sabe..
Fontes:
Rafael Costa (CRP: 05/32460)
Flavia Borges Mendonça (CRP: 05/37807)