Foz do Iguaçu – O Paraná vai ampliar a rede de Cafs (Centros de Apoio de Fauna Silvestre). As novas estruturas foram discutidas pelo IAT (Instituto Água e Terra), vinculado à Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, na terça-feira (22), data em que se comemora o Dia da Defesa da Fauna.
Hoje há quatro Cafs em funcionamento no Estado e mais três serão implantados. A meta é aumentar o número de centros para que os 21 Escritórios Regionais do IAT tenham esse apoio, o que evitará deslocamentos desnecessários e boa parte da logística que envolve o atendimento aos animais.
Os Cafs, assim como os Cetas (Centros de Triagem de Animais Silvestres), são unidades parceiras planejadas e distribuídas estrategicamente no Estado para o tratamento da fauna silvestre vitimada por comércio ilegal, tráfico, cativeiro irregular e maus-tratos.
O IAT possui diversas iniciativas pró-fauna. Entre as propostas, estão a implantação do Centro Paranaense de Referência em Fauna (CPRFAU) e o estabelecimento de um Comitê Gestor da Fauna Vitimada.
A bióloga e chefe do Setor de Fauna do IAT, Paula Vidolin, explica que novos investimentos estão sendo feitos devido aos bons frutos colhidos na proteção da fauna silvestre em todo o Estado. “Como temos resultados positivos, ficaram definidos novos investimentos para ampliar o número de Cafs. A meta é dar cobertura a todas as regionais”, explicou.
O Cafs agrega todas as ações de gestão de fauna, desde a parte de manejo, educação, pesquisa e lazer. Como medida de aprimoramento, o IAT promove constantemente a capacitação da equipe técnica. Neste mês de setembro, uma série de cursos foi finalizada com a capacitação de 40 técnicos e residentes do instituto.
Tráfico
O tráfico de animais silvestres se configura como uma das maiores atividades predatórias. De acordo com a Renctas (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres), 38 milhões deles são retirados da natureza todos os anos no Brasil.
De acordo com a Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, o Paraná é uma rota para o tráfico internacional devido às áreas de fronteiras com outros países. Dados da Polícia Ambiental Força Verde (BPAmb-FV) apontam que, somente nos últimos oito meses de fiscalização, cerca de 4 mil animais silvestres foram vitimados pelo tráfico ou por cativeiro irregular.
O número representa um aumento de 11% em relação a 2019. Desse total, as aves representam 90%. A maioria dos animais sofre maus-tratos e muitos não sobrevivem.
Dentre as espécies mais apreendidas estão trinca-ferro, canário-da-terra, coleirinho, papagaio-verdadeiro, papagaio-de-peito-roxo e periquito-rico. As ações resultaram também na apreensão de 2.111 gaiolas e 122 armadilhas, no mesmo período.
A estimativa do IAT é de que pelo menos 10 mil animais vitimados ao ano são apreendidos e entregues voluntariamente.
Parcerias
Para a manutenção de Centros de Apoio e Centros de Triagem, o IAT conta com parcerias de instituições, como prefeituras, Polícia Ambiental, universidades e ONGs.
O Cafs de Curitiba foi o primeiro criado no Estado e é mantido em parceria com a prefeitura. No ano passado, o local recebeu quase 3 mil animais silvestres – cerca de 50% foram soltos, 20% enviados para cativeiro e 30% morreram.
“É um local de recebimento, triagem, atendimento veterinário e encaminhamento dos animais. Procuramos sempre atuar com foco na educação ambiental da população porque Curitiba tem muitos parques e áreas verdes e, consequentemente, surgimento de animais silvestres”, explicou Edson Evaristo, diretor do Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Secretaria do Meio Ambiente de Curitiba.
Diversidade
O Paraná apresenta na sua biodiversidade, entre os vertebrados, 120 espécies de anfíbios, 160 de répteis, 180 de mamíferos, 770 de aves e cerca de 950 de peixes. Os dados são do Livro Vermelho de Fauna Ameaçada, publicado em 2004.
Entre os grupos de artrópodes, ou seja, animais dotados de patas articuladas e que possuem esqueleto externo, estão cerca de 10 mil espécies de borboletas e mariposas e aproximadamente 450 espécies de abelhas.