Cotidiano

Paramilitares iraquianos descobrem centenas de corpos em prisão

65687296_Iraqi forces members fire towards Islamic State IS jihadists%27 positions in west Mosul o.jpg BAGDÁ – Forças paramilitares iraquianas anunciaram neste sábado a descoberta de uma vala comum na prisão de Badush, perto de Mossul, com corpos de centenas de pessoas executadas pelos extremistas do grupo Estado Islâmico (EI).

Iraque

As forças iraquianas já descobriram dezenas de valas comuns com centenas de corpos durante suas operações militares para retomar do EI os territórios conquistados pelos extremistas desde junho de 2014, inclusive durante a ofensiva em curso para a reconquista de Mossul, maior reduto do EI no Iraque.

A ONU havia apontado em um relatório, publicado em março de 2015, a morte de cerca de 600 homens executados pelo EI quando o grupo tomou a prisão, em junho de 2014.

O EI também mantinha presas na mesma penitenciária centenas de mulheres da minoria yazidi.

O exército iraquiano indicou que os membros da Hachd al-Chaabi, um grupo paramilitar pró-governo liderado por milícias xiitas apoiadas pelo Irã, estavam entre as unidades que recuperaram a prisão.

Os membros do Hachd encontraram “na prisão (de Badush) uma grande vala comum contendo os corpos de cerca de 500 prisioneiros civis que foram executados” pelo EI depois que o grupo assumiu o controle da prisão durante sua ocupação de Mossul, afirma um comunicado do grupo paramilitar.

Hachd não explica como estabeleceu esse número, que não pode ser confirmado de forma independente.

Em seu relatório de 2015, a ONU indicava que cerca de 600 detentos da prisão de Badush, em sua maioria xiitas, foram levados em caminhões para uma ravina onde foram executados pelos combatentes do EI.

Alguns poucos sobreviventes disseram à ONU que conseguiram escapar graças aos corpos das outras vítimas que caíram sobre eles.

A deputada iraquiana Vian Dakhil também informou no mesmo ano a detenção de mais de 500 mulheres yazidis na mesma prisão.

VÁRIAS VALAS COMUNS

Os yazidis, minoria de língua curda de uma religião monoteísta pré-islâmica, foram severamente perseguidos pelos jihadistas do EI durante sua ofensiva em 2014 no Iraque. Os extremistas executaram os homens e forçaram as mulheres à escravidão sexual.A vala de Badush não é a primeira a ser descoberta durante a ofensiva em Mossul, em curso desde outubro.

As forças iraquianas descobriram uma vala comum na área de Hamam al-Alil, ao sul de Mossul, em novembro, com pelo menos 25 corpos visíveis, de acordo com uma fonte oficial.

Outra vala comum foi descoberta semanas mais tarde na cidade vizinha de Khafsa, localizada a dez quilômetros de Mossul, e que poderia ser a maior da guerra contra o EI no Iraque.

Habitantes da área dizem que o EI utilizava o local como zona de execução e uma vala comum onde as vítimas eram jogadas.

A organização humanitária HRW obteve imagens de satélite, sugerindo que a vala estava completamente cheia.

Moradores locais relataram à “AFP” que o EI jogou peças enferrujadas de carros antes de cobrir com terra em uma tentativa de encobrir os crimes.

Em junho de 2014, o grupo ultrarradical sunita lançou uma ofensiva que lhe permitiu tomar grandes áreas do território iraquiano . O EI, que, desde então, perdeu terreno, é alvo desde 17 de outubro de uma grande ofensiva das forças iraquianas em sua maior fortaleza do Iraque, Mossul.