RIO – A queda da economia brasileira nos últimos três meses de 2016 (0,9%) foi maior que a esperada pelos economistas (estimavam 0,5%), indicando, segundo analistas, que a recuperação da atividade deve ser ?restrita? e ?vagarosa? ao longo deste ano. Embora os especialistas concordem que, tecnicamente, a recessão acabou, a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2017 é esquálida: o Bradesco aposta alta de apenas 0,1%, enquanto a Capital Economics vê algo entre 0,2% e 0,4% e o Ibre/FGV, de 0,3%.
Infográfico: As recessões brasileiras nas últimas quatro décadas
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?Esperamos que a economia tenha atingido um ponto de inflexão durante o primeiro trimestre de 2017 e mostre claros sinais de uma recuperação cíclica na segunda metade do ano apoiada na queda da inflação e dos juros, melhores condições de crédito, safras generosas e termos de troca mais fortes?, afirmou o economista-chefe para América Latina do banco Goldman Sachs.
Mas o economista observa que um ?contexto de mercado de trabalho fragilizado e endividamento das famílias e das empresas ainda muito elevado deve limitar a força da recuperação.? O Goldman Sachs prevê uma ?recuperação restrita e abaixo do esperado em 2017?, projetando um crescimento de apenas 0,6% no ano.
PIB_0703?Diante do resultado conhecido hoje e levando em consideração os indicadores antecedentes e coincidentes referentes ao trimestre vigente já divulgados, esperamos elevação de 0,1% do PIB no primeiro trimestre deste ano, impulsionada pelo desempenho bastante positivo do setor agrícola. Entendemos que a recuperação dos demais setores se dará de forma gradual e deverá ocorrer a partir do segundo trimestre. Para 2017, mantemos nossa projeção de crescimento de 0,3% do PIB?, escreveu a equipe de análise do banco Bradesco, liderada pelo economista Fernando Honorato Barbosa.
Silvia Matos, economista do Ibre/FGV, prevê um crescimento de 0,3% no primeiro trimestre de 2017.
XP: JUROS VÃO CAIR MAIS RÁPIDO
Neil Shearing, economista-chefe para mercados emergentes da consultoria Capital Economics, também enxerga a queda do PIB no fim de 2016 como a última desta crise.
?Suspeitamos que os números do quarto trimestre (de 2016) deve também marcar o fim da recessão. Muitos dos fatores que puxaram para baixo o PIB no terceiro trimestre já se foram. A produção de automóveis está crescendo de novo. Mais importante, a inflação está caindo, as taxas de juros foram reduzidas e as condições financeiras melhoraram. As sondagens sobre o sentimento no segmento de negócios (até fevereiro) indicam estagnação da economia em termos de comparação anual, o que seria consistente com uma pequena elevação do PIB no primeiro trimestre de 2017, algo entre 0,2% e 0,4%.?
A equipe de análise da corretora XP classificou de ?vagarosa? a recuperação da atividade que deve ocorrer este ano. Isso deve fazer com que os juros caiam em ritmo mais acelerado:
?Esse resultado confirma nossa visão de que a retomada tende a ser vagarosa, o que tende a facilitar o trabalho do Banco Central do Brasil em intensificar o corte de juros (de 0,75 ponto percentual para 1 ponto percentual).?