Cotidiano

Oposição ganha terreno em eleição nacional na Austrália

SYDNEY ? Resultados preliminares das eleições nacionais australianas realizadas neste sábado indicam um ganho de terreno para o opositor Partido Trabalhista, aumentando os temores de que o atual primeiro-ministro Malcolm Turnbull, do Partido Liberal, não obterá a maioria necessária para tocar as grandes reformas econômicas que planeja.

Turnbull, líder de uma coalizão conservadora, dissolveu ambas casas do Congresso local em maio num tentativa de se livrar de parlamentares independentes ?incômodos? no Senado que vinham bloqueando sua agenda política. A aposta, no entanto, parece ter saído pela culatra, com tanto os trabalhistas quanto os independentes ganhando assentos suficientes não só para manter o equilíbrio de poder no Senado como para forçar a criação de um governo minoritário na Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil).

Com as urnas já fechadas em todo país, a Comissão Eleitoral da Austrália informou uma guinada de 3% na votação do Partido Trabalhista numa contagem bipartidária com cerca de 20% dos votos apurados. Diante disso, a autoridade eleitoral australiana projetou que a coalizão governista ficaria com 63 assentos na Câmara, contra 62 dos trabalhistas, com os demais 15 dos 150 assentos na Casa distribuídos entre os independentes. Os trabalhistas precisavam de uma guinada geral de pelo menos 4% para levar o governo, mas mesmo esta virada menor provavelmente vai obrigar a coalizão conservadora a governar com uma minoria na Câmara e recorrer a alianças com partidos menores e parlamentares independentes para vencer votações.

Durante a campanha, Turnbull invocou os temores com relação ao chamado Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, argumentando que os partidos menores em coalizão com os trabalhistas de centro-esquerda não eram confiáveis o suficiente para gerir uma economia atingida pela primeira queda na atividade mineira em um século e equilibrar as finanças públicas após anos de déficits.