CARACAS – A oposição venezuelana delineou seus pontos cruciais para manter o diálogo com o chavismo. Entre eles, destaca-se a exigência de antecipar eleições para o início de 2017 (o mandato do presidente Nicolás Maduro acaba só em 2019) e manter a convocatória do referendo revocatório contra o chefe de Estado. O líder opositor Carlos Ocariz não se referiu ao pleito como presidencial. MADURO
? Para nós, o adiantamento das eleições tem que acontecer o mais cedo possível. Nossa proposta, que levamos à mesa, é a reativação do referendo revocatório ou o adiantamento de eleições para o primeiro trimestre de 2017 ? disse Ocariz em coletiva de imprensa. ? O principal objeto da MUD (Mesa da Unidade Democrática, principal coalizão opositora) é a solução eleitoral para sair da crise. Estamos na mesa porque querem uma solução à profunda crise produzida pelas políticas nefastas do governo.
A próxima rodada de conversas ocorre no dia 11. A oposição planeja ainda cobranças contra a crise humanitária e a favor dos direitos humanos, com libertação de presos políticos.
A deputada chavista Tania Díaz afirmou nesta quinta-feira que a proposta de adiantar eleições é uma “armadilha que entorpece o diálogo”. Maduro, por sua vez, garante que governará até 2019.
O número dois do chavismo, Diosdado Cabello, considerou uma ameaça o prazo estabelecido pela oposição venezuelana para ratificar o diálogo com o governo e reforçou a convocação de uma passeata para esta quinta-feira.
? Hoje a direita nos deu prazo de 10 dias, (…) voltou a nos ameaçar. Falar com a oposição é falar com o nada, assim ninguém tem a palavra. Farei o que tiver que fazer para ajudar o companheiro Nicolás Maduro ? disse Cabello em seu programa semanal no canal estatal VTV.
O secretário-executivo da coalizão opositora, Jesús Torrealba, advertiu que na próxima reunião a aliança avaliará os gestos do governo para confirmar o processo.
Após o início, domingo passado, das conversações com a mediação do Vaticano e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), a MUD anunciou na terça-feira a suspensão de um julgamento parlamentar contra Maduro por sua responsabilidade política na crise, assim como de uma mobilização convocada para quinta-feira até o palácio governamental de Miraflores. Mas o governo pretende manter uma manifestação convocada para o mesmo local.
? Eu sou chavista e amanhã (quinta-feira) vou ao palácio de Miraflores ? disse Cabello.
Ao justificar a suspensão do protesto da oposição, Henry Ramos Allup, presidente do Parlamento (controlado pela MUD), afirmou que o Vaticano pediu moderação de ambas as partes das passeatas convocadas na semana passada.
Cabello, no entanto, destacou que ?Ramos Allup não pode falar em nome do chavismo?.
Apesar da determinação da MUD, estudantes opositores mantêm a convocação para uma marcha até Miraflores, assim como Lilian Tintori, a mulher do dirigente detido Leopoldo López.
Tintori iniciou na quarta-feira à noite uma vigília diante da prisão em que López está detido. Ela afirmou que não sabe nada sobre o marido desde sexta-feira da semana passada.