CARACAS ? A oposição da Venezuela disse nesta quarta-feira que as conversas com o governo estão congeladas depois que autoridades não compareceram a reuniões do dia anterior. O anúncio vem como um balde de água fria nas negociações mediadas pelo Vaticano para tentar solucionar a profunda crise política do país. Mesmo depois que as conversas formais foram iniciadas no mês passado, as esperanças de aproximação entre o oficialismo e a oposição sempre foram pequenas.
Nos últimos meses, a oposição trabalha numa intensa campanha pela saída do presidente Nicolás Maduro por meio de um referendo revogatório, que poderia encurar o seu mandato. No entanto, as autoridades do governo garantem que ele não deixará o cargo até o fim do seu mandato em 2019.
? O governo, de forma irresponsável, congelou o processo de diálogo ao não comparecer a duas reuniões técnicas na noite passada ? disse o líder da coalizão opositora, Jesús Torrealba.
Ativistas opositores insinuaram que Maduro recuou das conversas depois que o Parlamento realizou uma sessão acalorada na terça-feira. Na ocasião, o presidente foi criticado por um escândalo de drogas envolvendo os sobrinhos da sua mulher, que foram condenados pelo crime nos EUA.
Neste mês, dois sobrinhos de Cilia Flores, esposa de Maduro e parlamentar do partido governista, foram considerados culpados de acusações feitas nos Estados Unidos segundo as quais os dois tentaram realizar uma negociação de drogas de milhões de dólares para obter uma grande quantidade de dinheiro e ajudar sua família a permanecer no poder.
Não ficou claro se as negociações podem ser reiniciadas ou se a oposição retomará suas ofensivas contra o governo ? que antes das reuniões incluiram protestos de rua e um plano para levar Maduro a julgamento perante a Assembleia Nacional.
O diálogo dividiu partes da diversificada coalizão opositora, e alguns críticos dizem que o governo está usando a oposição para ganhar tempo sem fazer qualquer concessão real. Encontros anteriores nos últimos anos amenizaram algumas tensões nas ruas, mas também revelaram pouco progresso em questões centrais na política venezuelana.