NOVA YORK – Um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que, em 2014, os Estados Unidos tinham cerca de 1 milhão de usuários de heroínas. O número é quase três vezes maior do que em 2003. Mortes relacionadas a essa droga tiveram aumento de cinco vezes desde 2000. A entidade classificou a situação como epidêmica.
– Há realmente uma epidemia de heroína nos EUA. Os números são os mais altos em 20 anos – disse a pesquisadora Angela Me, principal responsável pelo relatório.
Segundo ela, essa escalada pode ser derivada de mudanças recentes na legislação americana que tornaram mais difícil o abuso de prescrições de opióides como a oxicodona, um poderoso analgésico que pode ter efeitos similares aos da heroína no organismo. A mudança obrigou os fabricantes desse medicamento a mudar a textura dos comprimidos, tornando muito mais difícil esmagá-los para injetar na corrente sanguínea.
– Isto causou uma mudança parcial do uso errado dessas prescrições de opióides para o uso de heroína – relata a especialista.
Outra razão para o avanço da heroína nos EUA é um aumento no abastecimento, o que gerou uma queda nos preços desse mercado. A heroína que circula em terras americanas é, em sua maior parte, enviada por organizações criminosas de Colômbia e México.
O Tio Sam também está vendo um aumento no número de mortes relacionadas ao fentanil, um opióide sintético 50 vezes mais forte do que a heroína e cem vezes mais forte que a morfina, de acordo com o Centro de Controle de Doenaças (CDC) nos EUA. O fentanil foi, segundo análises, a droga que matou o popstar Prince no início deste ano.