Toledo A queda na geração de empregos, impulsionada pela recessão econômica do País, trouxe consequências que só serão superadas há longo prazo. Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram que a região Oeste do Paraná perdeu 257 postos de trabalho somente em agosto, resultado das 8.936 admissões menos os 9.193 desligamentos. No Estado, foram extintos quase 34 mil empregos formais no mês passado.
O município da região que mais perdeu neste período foi Cascavel, que eliminou 641 vagas formais de trabalho, demitindo 4,2 mil pessoas. Conforme o economista e professor da Unioeste de Toledo, Jandir Ferrera de Lima, levando em conta que Cascavel perdeu em torno de quatro mil postos de trabalho nos últimos 12 meses é o mesmo que dizer que a economia cascavelense retrocedeu quase quatro anos em termos de mercado de trabalho. Além da falta de dados sobre a intenção de investimentos dos empresários em Cascavel, há o risco de encerramento completo das atividades de um frigorífico. Isso significa a perda de mais de mil postos de trabalho de uma vez. Sem contar o montante de aves que deixarão de ser alojadas nas propriedades rurais, uma perda de R$ 1 milhão circulando todos os meses na economia da microrregião de Cascavel. Ou seja, para o município recuperar tudo isso necessitaria criar em torno de mil postos de trabalho/ano durante os próximos quatro anos, explica Lima. Em Toledo, o retrocesso foi entre dois a três anos, segundo o professor, o mesmo período que levará para recuperar os empregos perdidos.
Além disso, no caso do Oeste, as perdas de postos de trabalho na indústria de algumas cidades, como Medianeira e Marechal Cândido Rondon, está bastante ligada aos trabalhadores volantes, ou seja, aqueles que se deslocam de outros municípios para trabalhar em plantas agroindustriais. A discussão sobre o custo das horas in itinire tem feito com que muitas empresas prefiram trabalhadores locais do que de outras cidades, deixando de buscar a mão de obra vizinha.
Desaceleração
Apesar do cenário não ser nada positivo, Lima prevê uma desaceleração na perda de postos de trabalho. A boa notícia, segundo ele, é que o ritmo de desligamentos está diminuindo e os próximos meses podem sinalizar a recuperação da economia e do emprego. Como emprego depende de investimentos e consumo, a temporalidade da recuperação dependerá da percepção dos empresários quanto a retomada dos seus investimentos, ressalta. Um estudo feito em São Paulo demonstrou que em torno de 30% dos empresários devem voltar a investir ainda esse ano, e 26% em 2017.
Como combater o desemprego?
Antes da crise econômica, o trabalhador levava de três a seis meses para conseguir um novo emprego, por conta das regras do seguro-desemprego e do aquecimento do mercado formal. Conforme Lima, atualmente esse número está bem superior a seis meses, além de as regras do benefício estarem mais rígidas e os salários menores.
Para aqueles que estão desempregados e precisam retornar ao mercado de trabalho a sugestão é a qualificação e a requalificação. Ou seja, como o mercado de trabalho formal virou, agora é procurar conseguir o que se tem à disposição. Para muitos, isso significa se requalificar em outras áreas. As organizações do sistema S (Sebrae, Senai, Senac, Sesi e Sesc) tem oferecido cursos de curta duração para capacitar trabalhadores, além das opções oferecidas pela Agência do Trabalhador, diz o professor-doutor. Outra opção são os desempregados se tornarem micro empreendedores individuais em áreas ainda carentes de atendimento por parte das grandes empresas, como os pequenos serviços e comércio. Mas, isso cabe ser avaliado individualmente, com uma análise de mercado.